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Cientistas lançam nave que vai intensificar busca por planetas habitáveis

A nova nave espacial da NASA dará aos cientistas uma visão muito mais clara dos planetas que orbitam estrelas próximas à Terra

Por Dennis Overbye
Atualização:

CENTRO ESPACIAL KENNEDY, FLÓRIDA - A busca de conquistas cósmicas recomeçou. No dia 16 de abril, às 18h32, uma pequena espaçonave conhecida como Transiting Exoplanet Survey Satellite, TESS, equipada com várias câmeras, subirá ao espaço em um foguete SpaceX Falcon 9 e permanecerá em órbita entre a Lua e a Terra. A nave passará ao menos os próximos dois anos vasculhando o céu à procura de outros mundos.

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A TESS é a iniciativa mais recente na tentativa de responder às perguntas que intrigam a espécie humana há milênios e que têm dominado a astronomia ao longo dos últimos 30 anos: estamos sozinhos? Há outras Terras? A evidência de um único micróbio em qualquer outro lugar da galáxia abalaria a ciência.

Não faz muito tempo, os astrônomos não sabiam se existiam planetas fora de nosso sistema solar. Mas desde a descoberta de um planeta que orbita uma estrela semelhante ao sol, a 51 Pegasi, em 1995, ocorreu uma revolução.

Em 2009, a NASA, a agência espacial americana, lançou a espaçonave Kepler, que descobriu cerca de 4 mil possíveis planetas em um pequeno recorte da Via Láctea. Depois de nove anos no espaço, Kepler está ficando sem combustível.

Graças a iniciativas como as de Kepler, os astrônomos agora acreditam na existência de bilhões de planetas potencialmente habitáveis em nossa galáxia, o que significa que o mais próximo poderia estar a apenas 10 ou 15 anos luz da Terra.

O Transiting Exoplanet Survey Satellite está sendo preparado para ser lançado desde o Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Foto: Josh Ristchie para The New York Times

Agora, a função de TESS é descobrir planetas suficientemente próximos para serem estudados por telescópios, ou para receberem a visita de um robô interestelar.

“A maioria das estrelas com planetas está muito distante”, disse Sara Seager, cientista planetária do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e membro da equipe do TESS, referindo-se à abundante descoberta feita pela Kepler. “TESS descobrirá os planetas ao redor das estrelas próximas”.

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George Ricker, um pesquisador do MIT e chefe da equipe da TESS, espera descobrir cerca de 500 planetas do tamanho da Terra no espaço de 300 anos-luz a partir daqui, suficientemente próximos para uma geração futura de telescópios na Terra e no espaço examinar sua habitabilidade.

“Há 20 milhões de estrelas que podemos observar”, disse Ricker. “A espaçonave poderia fazer medições precisas da luminosidade de cada brilho no céu. Galáxias, estrelas, núcleos galácticos ativos”, prosseguiu enquanto sua voz ia diminuindo de intensidade.

Na sua maioria, os exoplanetas orbitam as chamadas estrelas anãs vermelhas, muito menores e mais frias do que o sol. Elas constituem a grande maioria dos astros nas nossas proximidades (e no universo) e supostamente reivindicam direitos sobre a maioria dos planetas.

A TESS buscará estes planetas monitorando a luz das estrelas e detectando as leves reduções de seu brilho, um indicativo de que um planeta passou na frente da sua estrela.

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Os que planejaram a missão esperam catalogar 20 mil novos candidatos a exoplanetas de todos os tamanhos e formas. Eles prometeram apresentar as massas e as órbitas de 50 novos planetas com menos de quatro vezes o tamanho da Terra.

A maioria dos planetas do universo se encontra nesta faixa. Mas como não existem exemplos deles em nosso sistema solar, “nós não sabemos nada a seu respeito”, observa Sara Seager.

Serão eles as chamadas “superterras”, constituído majoritariamente por rochas com um véu de atmosfera, ou “míni-Netunos” com pequenos núcleos enterrados profundamente no interior de amplas bolas de gás?

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Os dados sugerem que a diferença é a massa: rochas férteis têm menos de uma vez e meia o tamanho da Terra, enquanto nuvens de gelo árido frequentemente são maiores. Onde se encontrará a linha divisória, e como muitos planetas se encaixam de um lado ou do outro, é o que poderá determinar quantos mundos lá fora são bolas de vapor glacial ou jardins em potencial.

A NASA comprou uma viagem da SpaceX, a companhia de foguetes de Elon Musk, para uma de suas missões científicas. “A TESS parece um brinquedinho no interior do Falcon 9”, disse o pesquisador George Ricker. Mas um brinquedo com potencial.

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A TESS tem quatro pequenas câmeras que observarão as seções adjacentes do céu por 27 dias de cada vez. No primeiro ano, os cientistas pesquisarão o hemisfério sul do céu; no segundo ano, pesquisarão o céu do hemisfério norte. Se a missão se estender para além de dois anos, repetirão a tarefa.

Ricker e seus colegas prepararam uma lista de 200 mil estrelas próximas cujo brilho será medido a cada dois minutos. As imagens de todas as faixas de 24 graus do céu serão gravadas a cada meia hora.

A cadência é perfeita para encontrar e estudar os atuais favoritos na corrida para localizar exoplanetas habitáveis, ou seja os que orbitam as estrelas anãs vermelhas que estão por toda parte - as anãs M, no jargão astronômico.

“Esta é a era da anã M”, disse Sara Seager.

Mas ela ainda espera descobrir um planeta como o nosso que orbite uma estrela maior como o Sol. “Pessoalmente, sempre defenderei a existência da verdadeira gêmea da Terra, com a qual sentimos ter um parentesco”, afirmou Sara.

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