John Carpenteremplacara dois filmes semiobscuros quando o produtor executivoIrwin Yablans o procurou com uma proposta: fazer um filme de baixo orçamento sobre o assassinato de babás.
“Era uma ideia horrível”, disse Carpenter recentemente. “Mas eu queria fazer mais filmes, então falei: ‘Excelente!’ ”.
Quarenta anos mais tarde, aquele filme, “Halloween, a noite do terror”, continua produzindo continuações, novas versões e novos começos. O mais recente, também intitulado “Halloween, a noite do terror”, traz de volta Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), a única sobrevivente do massacre inicial realizado pelo psicopata mascarado Michael Myers. Já avó, capaz de segurar uma arma, ela está disposta a matar Myers.
“A coisa que realmente me comove ao voltar depois de todos estes anos é o profundo amor e a reverência dos fãs”, disse Jamie. “A paixão por este filme é muito forte”.
Carpenter, Jamie e outras estrelas do filme falaram sobre a película original. “É a maior experiência profissional que já tive”, disse Jamie. “Ela me deu tudo o que conquistei na minha vida em termos de criação”. A seguir, alguns trechos da conversação.
Juntamente com a produtora e sua namorada, Debra Hill, Carpenter redigiu o roteiro de “The Babysitter Murders” até “Halloween: A noite do terror”.
CARPENTER - Não consigo acreditar que ninguém tenha intitulado o seu filme “Halloween” antes. Para o papel título de Laurie, ele escolheu Jamie Lee Curtis, a filha de 19 anos de Janet Leigh, a intérprete de “Psicose”, de Hitchcock.
JAMIE - Minha mãe me protegia, ela não queria que eu fosse mais uma menina criada no ambiente de cinema. Mais tarde, recebi um papel da comédia de situação da ABC “Anáguas a Bordo”. Fui demitida, e fiquei arrasada. Mas, se não tivesse sido demitida, não estaria disponível para “Halloween”. Não fiquei nem um pouco preocupada pelo fato de se tratar de um filme de horror, e minha mãe já havia feito um filme deste gênero.
Carpenter chamou Nick Castle, ex-aluno da escola de cinema da University of Southern California, para o papel de Michael.
CARPENTER - O pai de Nick era coreógrafo, e Nick tem movimentos graciosos.
NICK CASTLE - Não precisei frequentar a Julliard para fazer isto, mas parece que as pessoas gostaram dos movimentos que fiz.
O designer de produção Tommy Lee Wallace foi a uma loja de magia para comprar uma máscara para Michael. Voltou com duas: uma de palhaço e uma de William Shatner, no papel de Capitão Kirk em “Jornada nas Estrelas”.
CASTLE - Tommy chegou usando a máscara de palhaço e nós falamos: ‘É realmente assustadora’. Então ele pôs a de Shatner e ficamos congelados: ‘É perfeita’.
CARPENTER - Tommy mandou pintá-la de branco e ampliou os buracos dos olhos. Era apavorante. Carpenter convidou o ator britânico Donald Pleasance (“Fugindo do Inferno”) para o papel do psiquiatra de Michael, Loomis.
CARPENTER - Fiquei apavorado no começo, quando ele me disse: “Não sei por que estou fazendo este filme. A única razão é que minha filha gostou da música que você compôs no seu outro filme, “Assalto à 13ª DP’ ”. Mas nos tornamos logo amigos.
Trabalhando com um orçamento de 300 mil dólares, todo mundo teve de contribuir.
CARPENTER - Em resumo, minha tarefa era assustar o público. Não precisava ser muito mais do que isto. O filme foi empolgante.
Inicialmente, recebeu críticas negativas e começou muito devagar nas bilheterias. Mas graças à propaganda de boca tornou-se um sucesso e teve resenhas boas de críticos como Roger Ebert, que lhe deu quatro estrelas e disse que se parecia com “Psicose”.
JAMIE - Lembro que fui vê-lo em Hollywood, e no meio do filme, quando Laurie está andando na rua até a casa em que a personagem de P.J. Soles acaba de ser estrangulada, uma mulher se levantou e gritou:
“Não entre aí!” Naquele instante, compreendi o que John tinha em mente. O público estava preocupado com Laurie.
“Halloween: A noite do terror” inspirou uma forte reação entre algumas críticas feministas, que notaramque a virginal Laurie sobrevive enquanto as suas colegas promíscuas são assassinadas.
P.J. Soles (a babysitter Lynda): Aquelas críticas são ridículas... totalmente ridículas!
Mas também fizeram com que Hill (que morreu as 54 anos em 2005) se tornasse uma escritora-produtorapioneira e uma defensora da igualdade.
LOOMIS - Debra ajudou muitas mulheres a terem acesso a posições que de outro modo jamais estariam abertas para elas.
Embora Myers escape no final do “Halloween” original, não havia planos para continuações e nem novas versões - muito menos dez, incluindo a de 2018.
CARPENTER - O desaparecimento de Michael no fim do primeiro filme faz a gente gritar, e eu queria que o público reagisse assim. Não quis fazer nenhuma continuação. Cara, que escolha errada foi essa, não?