Empresas apostam em retorno dos consoles e jogos da juventude

Nostalgia do público em poder revisitar velhos títulos garante sucesso financeiro para as marcas

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Por Gregory Schmidt
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Scott Bachrach lembra de jogar títulos como Centipede, Galaga e Pac-Man com os amigos num fliperama de Los Angeles nos anos 1980. “Era o lugar onde nos reuníamos nas noites de sexta", disse Bachrach, hoje com 50 anos. “Passávamos horas jogando.” Agora, como diretor executivo da empresa de brinquedos Tastemakers, ele está recriando essa experiência para uma nova geração.

A empresa obteve licenças para lançar seus jogos favoritos e outros, como Street Fighter II, e os está reproduzindo em cabines de fliperama chamadas Arcade1Up. “Foi um projeto que nasceu da paixão, e acabou se transformando num negócio importante para nós", disse Bachrach.

Um em cada cinco consoles vendidos nos Estados Unidos este ano foi um dispositivo retrô Foto: Eli Hiller/The New York Times

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A Nintendo ajudou a aumentar a popularidade da tendência dos jogos retrô com o lançamento do NES Classic em 2016, uma versão do seu console original incluindo 30 jogos da época. Depois disso, as rivais lançaram jogos e consoles antigos, enquanto empresas menores modernizavam títulos do passado.

Algumas marcas em dificuldades financeiras, como a Atari, estão recebendo vida nova com o interesse nos jogos mais antigos. Os varejistas também estão aderindo à tendência, com empresas como Amazon oferecendo títulos clássicos e produtos relacionados.

Um em cada cinco consoles vendidos nos Estados Unidos este ano foi um dispositivo retrô pronto para jogar, disse Mat Piscatella, que analisa a indústria dos videogames para a firma de pesquisas de mercado NPD. As vendas de hardware, software e acessórios nos EUA chegaram a US$ 14,6 bilhões em 2017, alta de 11% em relação a 2016, de acordo com a NPD.

O NES Classic da Nintendo se esgotou rapidamente, levando a empresa a lançar também o Super NES Classic, um dos consoles mais vendidos na temporada de compras de fim de ano de 2017, de acordo com a NPD. Para jogar os títulos num dispositivo moderno, a Nintendo ofereceu 20 títulos clássicos aos assinantes da rede Nintendo Switch Online, e há planos de ampliar essa seleção.

“As pessoas lembram das cores e formas do console, da sensação do controle na mão como era durante a infância, e têm uma reação visceral ao iniciarem seus títulos favoritos do NES ou Super NES", disse Reginald Fils-Aimé, presidente da Nintendo of America.

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A Tastemakers reproduziu jogos que seu diretor executivo, Scott Bachrach, costumava jogar no fliperama Foto: Meron Tekie Menghistab para The New York Times

A Sony entrou na onda, em 10 de dezembro, com o lançamento do PlayStation Classic, unidade pronta para jogar com 20 títulos na memória e preço de US$ 100. “É como a diferença entre assistir a um filme clássico ou o seu remake, ou mesmo uma versão colorida artificialmente", disse Eric Lempel, vice-presidente sênior da divisão PlayStation. “É assim que lembramos desses jogos.”

Outras produtoras estão firmando acordos com fabricantes de acessórios como a Retro-Bit. O console da empresa, Super Retro-Cade, conta com mais de 90 títulos de desenvolvedoras como Capcom, Data East, Irem e Technos. “Esse console traz muitos jogos que foram populares no Japão e nunca chegaram a ser lançados nos EUA", disse Richard Igros, administrador da Innex, distribuidora de produtos da Retro-Bit.

Empresas menores encontram sucesso no licenciamento de títulos que são então vendidos com novo hardware. A fabricante taiwanesa AtGames vende títulos de desenvolvedoras como Activision, Atari e Bandai Namco há mais de uma década por meio de sua série Flashback, que inclui os títulos em réplicas de consoles como o Atari 2600 e o Sega Genesis (lançado no Brasil como Mega Drive).

O mais recente lançamento da AtGames, Blast, é uma versão simplificada com menos títulos. Isso permite que a empresa ofereça um produto num segmento mais barato do mercado, disse PK Hsiung, diretor executivo da empresa. Nintendo e PlayStation vendem seus produtos em lojas de eletrônicos, disse ele, mas 80% das vendas da AtGames são em lojas como farmácias. “Não estão concorrendo conosco", disse Hsiung a respeito das rivais maiores. “Estão nos ajudando ao trazer os jogos do passado para a preferência do público atual.”

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