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Empresas produzem drones que oferecem cobertura para celulares em desastres

Novos aparelhos prometem fornecer serviço de telefonia em áreas inóspitas

Por Christine Negroni
Atualização:

A polícia e as equipes de emergência há alguns anos usam drones para dispor de um olho no céu. Mas os veículos não tripulados logo poderão oferecer também um ouvido.

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Duas das maiores companhias de telefonia móvel nos Estados Unidos estão avaliando a utilização de drones como pontos de acesso para proporcionar serviços telefônicos e de outra natureza quando as torres de celulares ficam debaixo d’água ou em áreas em que tais serviços inexistem.

“Depois do furacão Sandy, por vários dias perdemos o serviço de celular para todo o país”, disse Martin Pagliughi, o diretor do Departamento de Gerenciamento de Emergências do Condado de Cape May, em Nova Jersey.

Recentemente, equipes de vários serviços de emergência de Cape May reuniram-se no aeroporto municipal de Woodbine, Nova Jersey, para assistir ao lançamento de um drone de 90 quilogramas da Verizon. Quando o engenho alcançou uma altitude de 915 metros, um ponto de acesso a bordo começou a transmitir um sinal sem fios. Em terra, agentes da polícia verificaram a potência do serviço nos telefones da Verizon que carregavam.

“Eles testaram mensagens de texto e mensagens de voz, e conseguiram total cobertura em todo aquele raio”, disse Pagliughi.

A Verizon tenta determinar como um ponto de acesso 4G LTE portátil pode funcionar em terra em uma área “em que um desastre inutilizou um serviço da companhia, e onde não há nenhuma outra maneira de conseguir cobertura de celular para o local”, informou Christopher Desmond, o engenheiro-chefe da companhia. O teste em Cape May confirmou a viabilidade do conceito, acrescentou.

Em 2017, a AT&T obteve um contrato de US$ 7 bilhões do governo federal para a construção de uma rede de prontidão em caso de desastres para todo o país chamada FirstNet. Partes do programa incluirão a tecnologia necessária para fornecer serviço de celular do céu. Quando o furacão Harvey atingiu Houston, e o furacão Maria castigou Porto Rico, a AT&T usou os seus pontos de acesso móveis enviados para os locais e ergueu postes para fornecer serviço de celular.

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Um engenheiro e um piloto testam um drone em uma área de Nova Jersey em que não existe serviço de celular. Foto: Michelle Gustafson/The New York Times

A companhia também pode lançar um drone que fica pairando no ar com quatro rotores, chamado Celular de Asas, preso a cabos terrestres para intercâmbio de dados e energia. A Verizon ainda pesquisa outras maneiras possíveis de utilizar os drones.

“Nós percebemos a capacidade do aparelho de carregar uma câmera para coligir dados fotográficos e transmiti-los ao solo”, possibilitando toda a visão da cena, disse Desmond, e também a um centro de comando. Isto permitiria uma maior colaboração entre os que se encontram dentro e fora da zona do desastre.

O Condado de Cape May tem um certificado especial que o isenta das regulamentações da Administração da Aviação Federal que limitam os voos de drones nas horas diurnas e abaixo dos 120 metros. A isenção permite voos de teste até os 2.100 metros.

A maior parte do espaço aéreo aprovado de 2.070 quilômetros quadrados fica sobre a água ou territórios não urbanizados que não têm serviço de celular, o que torna a área ideal para testar pontos de celulares em voo.

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O avião não tripulado com sua envergadura de cinco metros é muito maior do que o drone de um amador. Ele não paira, não voa com baterias, mas tem um motor a gasolina que lhe permite voar por 16 horas, enquanto produz 400 wattsde energia - o suficiente para controlar o avião e atender às necessidades elétricas de um ponto de acesso para comunicações, de uma câmera e de outros equipamentos a bordo.

“É um veículo único, uma maneira única de carregar sensores com uma assiduidade que não se pode obter de uma aeronave tripulada”, disse David Yoel, fundador e diretor executivo da American Aerospace, a companhia proprietária do drone, que o opera para a Verizon.

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