Descubra o mundo secreto do geocaching

Jogo de esconde-esconde que usa tecnologia GPS é um passatempo divertido para muita gente

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Por A.C. Shilton
Atualização:

Se você está com a sensação de que já explorou todos os cantos e recantos de sua vida restrita pelo lockdown, saiba de uma coisa: bem debaixo do seu nariz existe um mundo oculto, operando totalmente às escondidas.

Esse mundo é o geocaching, um jogo de esconde-esconde sem contato entre centenas de milhares de estranhos. Os jogadores escondem caches – recipientes à prova d’água, geralmente pequenas caixas de plástico – em locais camuflados, para que outros possam descobri-los usando a tecnologia GPS.

Ilustração de Ka Young Lee/The New York Times. 

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Como esse mundo ficou totalmente escondido de você? A primeira regra do geocaching é tentar manter as buscas em segredo. Se um corredor passa pela trilha, os jogadores fingem que estão profundamente absortos na identificação das plantas. (Depois de conhecer o geocaching, você vai se dar conta de quantas pessoas estão fingindo fascínio por aquele pedaço de hera).

O geocaching começou para valer em 2000, quando os militares americanos ajustaram seus satélites para melhorar a precisão para usuários recreativos de GPS. Foi um entusiasta do Oregon que escondeu o primeiro cache, contou Bryan Roth, presidente e cofundador da Geocaching HQ, que administra o Geocaching.com. Desde então, a comunidade vem crescendo de maneira constante, com a pandemia estimulando um aumento considerável na participação.

“Num momento em que as pessoas estão procurando algum tipo de distração, sair de casa funciona muito bem”, disse Roth, que observou que as inscrições no aplicativo Geocaching aumentaram 70% em comparação com o ano passado.

Para começar, baixe um aplicativo em seu telefone, como, por exemplo, o Geocaching HQ (download grátis e alguns caches grátis, mas a assinatura anual de US$ 30 desbloqueia mais caches); o Cachly (US$ 4,99 e caches grátis, apenas para iPhone); ou o C:GEO (download grátis e caches grátis, apenas para Android). Você também pode jogar com um dispositivo GPS portátil, usando bancos de dados online como o NaviCache.com para encontrar coordenadas de caches.

Os caches são classificados de 1 a 5 de acordo com sua dificuldade; os iniciantes talvez queiram começar com 1 e avançar a partir daí. O GPS geralmente leva você até 10 metros do cache, e instruções como “olhe para o norte da estrada” podem indicar exatamente onde você deve procurar.

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Aí começa a verdadeira caçada.

Quando você encontra o cache – esteja ele escondido no pé de uma árvore, enfiado numa pilha de toras ou colado na parte de trás de uma placa – você pode fazer o check no aplicativo.

A maioria dos caches tem um diário de bordo que mostra todos os que o acharam antes de você; outros guardam uma bugiganga como tesouro. (Se você enfiar alguns objetos minúsculos no bolso antes de sair de casa, terá opções para trocar com as bugigangas guardadas nos caches).

Um benefício particularmente interessante do geocaching é que ele bota as crianças viciadas em tela para correr fora de casa. E, mesmo que o geocaching aconteça ao ar livre, você não precisa ser especialista em trilhas na mata.

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Na primeira vez em que uma amiga sugeriu que Katie Sweeney e seu marido experimentassem geocaching, em 2007, “eu fiquei tipo, eu não curto muito esse lance de mato”, ela lembrou. Sweeney, redatora que trabalha na Holanda, logo encontrou muitos esconderijos a poucos quarteirões de sua casa, na época na Filadélfia. Hoje ela leva sua filha de 6 anos para fazer geocache no caminho de ida ou de volta do supermercado ou de outras tarefas.

“Estamos sempre descobrindo novos lugares perto de onde moramos”, disse Sweeney, acrescentando que as crianças podem ser uma boa vantagem.

Seus diferentes pontos de vista geralmente as ajudam a ver coisas que passam despercebidas aos adultos.

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Nick Geidner, professor de jornalismo da Universidade do Tennessee, não se importa quando a caçada termina em fracasso.

“Nem sempre encontramos os caches”, disse ele. “Mas, quando fracassamos, podemos voltar e tentar mais uma vez”.

Henry, seu filho de 7 anos, não concorda muito. Quando lhe perguntei como ele se sentiu depois de desistir de uma caçada recente, ele respondeu: “Não estou, tipo, com raiva, mas também não estou feliz”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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