A corrida para tornar-se a marcade moda mais sustentável já começou. Quando Gabriela Hearst apresentou a sua coleção de verão 2020 na Semana da Moda de Nova York, ela a definiu como uma “inovação no setor”. A estilista, famosa por seus tricôs de caxemira, não estava se referindoaos seus looks mais recentes.
Gabriela disse que produziu o primeiro desfile carbono-neutro, em um momento em que a vigilância da pegada ambiental da semana da moda alcança novos patamares.
Pouco depois, a Gucci, a grande potência da moda de luxo, anunciou que também assumiu uma maior responsabilidade pelo preço que a sua companhia impõe ao planeta. Marco Bizzarri, diretor executivo da Gucci, informou que a marca realizou um desfile carbono-neutro na semana da moda de Milão em meados de setembro.
A Gucci “compensou tudo, das emissões produzidas nas viagens dos seus mil convidados e 900 funcionários, incluindo modelos, equipe de produção e funcionários da própria companhia, usando madeira reciclada no palco e convites de papel certificados pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC na sigla em inglês)”disse Bizzarri.
A Gucci é a primeira marca de moda a ganhar o ISO 20121, a certificação para o seu desfile, ele disse, referindo-se a um padrão de gestão de eventos sustentável da Organização Internacional de Normatização.
A companhia já monitora o seu consumo de água e energia elétrica, e o lixo, que são compensados pela Keting, o seu grupo controlador francês.
A Gucci tornou toda a sua cadeia de suprimentos completamente carbono-neutra, segundo Bizzarri. A companhia compensou todos os gases do efeito estufa de fornecedoras e fabricantes de matérias-primas de terceiros que produzem para a marca, bem como as suas operações diretas.
Tornar-se carbono-neutra não significa que a companhia tenha parado de produzir emissões prejudiciais. A compensação do carbono significa compensar financeiramente pelas emissões que uma empresa produz, cancelando as emissões de gás do efeito estufa em algum outro lugar do mundo. O dinheiro pago para comprar compensações apoia programas destinados a reduzir as emissões.
Atualmente, mais de 90% de todas as emissões da Gucci se originam de sua cadeia de suprimentos e fontes de matérias-primas, informa um documento da companhia.
Sua nova iniciativa tem sido possível graças a dados coligidos de mais de mil fornecedoras nos cinco continentes, destinados à declaração de lucros e perdas ambientais, com a finalidade de aprimorar a análise da pegada ambiental da companhia e estudar onde ela pode tornar-se mais eficiente.
Em 2015, a Gucci lançou uma iniciativa para a redução das suas emissões de gases do efeito estufa em 50% até 2025. Em 2018, havia reduzido estas emissões em 16%, ou 35% da sua atual pegada ambiental. Ela contribuirá com recursos igualmente distribuídos em todas as iniciativas da ONU para a proteção das florestas em países como Peru e Indonésia.
“Sabemos que não é perfeito, mas não podemos ficar somente esperando as inovações tecnológicas para melhorar a crise do clima”, afirmou Bizzarri. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA