O futuro da eletricidade em testes rápidos

Fórmula E, que usa carros movidos a bateria, visitou Zurique em junho

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Por Jack Ewing
Atualização:

ZURIQUE - Nos primeiros dias do automóvel, as pistas de corrida tornaram-se terreno de teste para novas invenções como os amortecedores, os freios a disco e os cintos de segurança.

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Algo semelhante está acontecendo ao alvorecer do que poderá ser a era dos transportes movidos à bateria. Foi o que se viu em uma exposição em Zurique, onde o silêncio de um domingo de verão era quebrado por um som alto. O ruído vinha de carros de corrida movidos à bateria que davam voltas em um circuito pelas ruas da cidade.

A Suíça proibiu as corridas urbanas depois de um terrível acidente ocorrido em 1955 na prova das 24 Horas de Le Mans, na França, quando morreram mais de 80 pessoas. Contudo, as credenciais verdes da Fórmula E contribuíram para convencer as autoridades a retirar a proibição, e no dia 10 de junho, Zurique hospedou a competição.

A Fórmula E, a prima eletrificada da Fórmula 1, tem a ver, principalmente, com marketing, uma resposta a 225 quilômetros horários aos que acham que os carros a bateria poderão acabar com o fascínio do automobilismo. Mas a série, que obteve o apoio das principais construtoras como Renault, da divisão da Audi da Volkswagen, da Mahindra da Índia e da Citroën, também permite testar novas soluções para os desafios representados pelos meios de transporte a bateria: autonomia, tecnologia de carga e gestão do calor que compromete o desempenho e prejudica os carros elétricos.

“O lado positivo da Fórmula E é a possibilidade de desenvolver muitas coisas que poderão ser aplicadas aos carros comuns”, disse Sébastien Buemi, um piloto da equipe Renault. Segundo ele, o propulsor do Zoe Renault, um compacto com uma autonomia de carga de 240 quilômetros, baseia-se no projeto da Fórmula E.

Recentemente, Zurique permitiu a realização de uma corrida em um circuito urbano porque os carros eram elétricos. (Elisabeth Real/The New York Times) Foto: (Elisabeth Real/The New York Times)

A ABB, fabricante de equipamentos elétricos e industriais sediada em Zurique, a principal patrocinadora da Fórmula E, demonstrou a tecnologia que precisa de apenas oito minutos para introduzir potência suficiente em uma bateria, para dirigir por 200 quilômetros.

Mas uma estação de recarga com seis destes carregadores de alta voltagem representaria, para uma rede de eletricidade, um stress suficiente para causar um apagão e derreter cabos comuns, afirmou Ulrich Spiesshofer, diretor executivo da ABB.

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A companhia pretende tornar-se líder global de estações de recarga para carros elétricos e considera a série uma maneira de gerar apoio público para investimentos de infraestrutura.

Pouco antes do início da corrida, os mecânicos jogaram gelo seco nas entradas de ar dos carros de corrida para esfriar as baterias. Alguns protegeram os seus carros com guarda-sóis.

A BMW, que competirá como fabricante na próxima temporada, destacou a mesma equipe de engenheiros que trabalha nos veículos a bateria da Série i da companhia para projetar a tecnologia para a Fórmula E. “A experiência que eles têm será fundamental para o que conseguirão a seguir na produção”, disse Jens Marquardt, diretor dos esportes motorizados da BMW.

A equipe desenvolveu um motor para a próxima temporada com a metade do peso e um terço do tamanho dos motores das gerações anteriores, que desenvolverá o dobro do desempenho, disse Marquandt. 

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Entretanto, acrescentou, o motor seria demasiado dispendioso para os carros destinados ao mercado em massa, mas a competência adquirida, futuramente.poderá ser transferida.

Todas as equipes da Fórmula E usam a mesma bateria e utilizam dois carros durante a corrida, passando para o segundo quando o primeiro perde potência. A mudança de carro indica as principais queixas feitas em relação aos veículos elétricos: a autonomia limitada e a demora para carregar. Mas na próxima temporada, os carros serão dotados de baterias mais eficientes que duram até o final das corridas de 100 quilômetros.

Entretanto, para a Fórmula E será crucial explorar ao máximo o estoque finito de elétrons. Quanto mais combinações as equipes conseguirão extrair do software e da mecânica para recuperar a energia quando os carros reduzem a velocidade nas curvas, maior potência poderão desenvolver nas retas.

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“A corrida dependerá fundamentalmente da economia de energia”, disse Paul Fickers, diretor de engenharia da equipe patrocinada pela NIO, uma start-up chinesa de carros elétricos.

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