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Postais do Monte Fuji valem mais que posts em redes sociais

Um carimbo postal do alto desta montanha é, para muitos, mais cobiçado do que uma 'curtida'

Por Motoko Rich
Atualização:

TOPO DO MONTE FUJI, JAPÃO - Procure por “Topo do Monte Fuji” no Instagram e você verá milhares de postagens dos visitantes que chegaram até o cume do vulcão mais famoso do Japão.

Mas, para muitos deles, compartilhar fotos de seus feitos nas redes sociais é modernidade demais.

Funcionários dos correios do topo do Monte Fuji vendem certificados para os andarilhos que querem guardar uma recordação da escalada. Foto: ko sasaki para The New York Times

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Em vez disso, eles preferem enviar uma boa e velha carta do pequeno posto de correios que fica no alto do Monte Fuji, um dos poucos lugares do Japão onde um carimbo postal ainda é mais cobiçado do que uma “curtida” no Instagram ou no Facebook.

“Pensamos que seria mais significativo”, disse Toshiyuki Kasahara, 43 anos, sobre os cartões-postais que ele e seus dois filhos, Yushun, 8, e Seijin, 6, depositaram na caixa do correio. “É o registro mais substancial que eles podem ter”.

O Monte Fuji - ou “Fuji-san”, em japonês - é considerado sagrado no Japão, e seu perfil coberto de neve foi celebrado em inúmeras obras de arte, tornando-se um símbolo internacional do país.

Cerca de 300 mil pessoas sobem o pico de 3.775 metros a cada ano, entre turmas escolares, equipes corporativas e turistas de todo o mundo. Para chegar ao topo da montanha mais alta do Japão, é preciso fazer uma vigorosa caminhada de quatro a seis horas, mas não são necessários equipamentos nem habilidades especiais.

Para aqueles que alcançam o cume, a recompensa é a vista: um panorama de tirar o fôlego, com toda a montanha e as nuvens logo acima; muitos visitantes calculam o tempo de caminhada para chegar bem no momento do nascer do sol.

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O posto dos correios do topo do Monte Fuji também é uma atração popular para muitos, e cerca de 18 mil pessoas o visitaram no verão passado, período em que enviaram quase 97 mil correspondências.

Dois ou três dias por semana, durante os 40 dias da temporada de verão, que termina em agosto, um trator de esteira tracionado sobe os 4 quilômetros da trilha Fujinomiya para coletar caixas de cartas e cartões-postais. Depois de descer 1.300 metros de altitude, o trator entrega as correspondências a uma van dos correios.

A empresa que opera o trator, a Fuji Concrete Service, não apenas recolhe o correio, como também entrega alimentos e bebidas seis dias por semana para os quiosques que ficam ao longo do caminho, onde os visitantes param para fazer refeições, ir ao banheiro ou tirar um cochilo.

O posto dos correios do topo do Monte Fuji abriu em 1906. Originalmente, os funcionários desciam com as correspondências a pé. O trator de esteira vem fazendo o trajeto nos últimos cinquenta anos. No posto, vendem-se cartões-postais, selos e certificados para os andarilhos que querem uma recordação oficial de sua escalada. Os funcionários dos correios trabalham em turnos de cinco a sete dias na filial do Monte Fuji, dormindo em beliches nos fundos do posto.

O major Craig Gulledge, 34 anos, que serve na Força Aérea dos Estados Unidos na Base Aérea de Yokota, perto de Tóquio, terminou a subida em menos de quatro horas e passou pelos correios para enviar cartões-postais para a esposa, os pais e os sobrinhos.

“Ninguém mais manda cartas”, disse o major Gulledge. “Então este é um souvenir bem clássico e bem barato”.

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