Pragas que irritam, mesmo quando são inofensivas

Na Pensilvânia, as autoridades imploram aos moradores para que eliminem um tipo de vaga-lume nativo da Ásia

PUBLICIDADE

Por Caroline Arbour
Atualização:

A maioria das pessoas não gosta de conviver com insetos, e procura eliminá-los. No entanto, na natureza, eles são muito superiores a nós em número.

Na Pensilvânia, a sola de um sapato não é páreo para as hordas de vaga-lumes que devoram as culturas, comem as vinhas e infestam as calçadas das cidades.

Vagalumes avistados, uma espécie invasiva da Ásia, está destruindo as cultura e se apoderando das calçadas na Pensilvânia. O estado recomenda aos cidadãos que os eliminem. Foto: Daniel Vasta para The New York Times

PUBLICIDADE

As autoridades imploram aos moradores para que eliminem estes insetos invasivos, nativos da Ásia. “Matem estes bichos!” recomendou o governo em seu site oficial. “Esmaguem, esmaguem...acabem com eles”.

Os habitantes da Pensilvânia mostraram a sua criatividade: eles pulverizam os vaga-lumes com “tacos de beisebol, soluções químicas duvidosas e até mesmo pilhas de livros”, escreveu Nicholas Bogel-Burroughs no Times.

O Departamento da Agricultura deste estado adotou outras medidas para impedir que essas criaturas semelhantes a mariposas se espalhem. Colocou em quarentena 14 condados e criou uma linha vermelha de emergência para denunciar os avistamentos.

Apesar destes esforços, no início deste mês, um destes insetos, supostamente um vaga-lume, chegou de barco no Brooklyn, noticiou The Times. Este não é o primeiro encontro do Brooklyn com um minúsculo visitante indesejado - e potencialmente caro.

A ampla área do porto na Ponte do Brooklyn testemunha quarenta anos de iniciativas do governo federal para despoluir o Porto de Nova York. As águas mais limpas atraíram obras de reurbanização e frequentadores do parque. E com isto uma praga devastadora, anteriormentedissuadida pelas águas poluídas, também voltou: a broca marinha.

Publicidade

“A melhoria da qualidade da água foi um sinal de ‘bem-vinda de volta’ para a broca marinha”, disse ao jornal Eric A. Goldstein, advogado sênior do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais. Os dois tipos mais comuns deste inseto, cujo nome vem do fato de deixar estruturas cobertas de perfurações, são um molusco semelhante a uma minhoca e um minúsculo crustáceo. Eles estão “espalhando o caos nos cais, atracadouros e pontes de madeira mais antigos por todos os 837 quilômetros da orla,” escreveu Winnie Hu no The Times. Mas uma agência da prefeitura está rebatendo a afirmação. Ela gastou US$ 6,2 milhões para revestir de concreto os 294 pilões de madeira em baixo de três atracadouros do Brooklyn, e o Parque da Ponte do Brooklyn está no meio de um projeto de US$ 114 milhões para cobrir 11 mil pilões de madeira com epoxy a fim de prevenir danos futuros, noticiou The Times.

As brocas marinhas voltaram ao Porto de Nova York com a melhoria da qualidade da água. Seção de um pilão de madeira que mostra os danos causados da praga. Foto: Gabriela Bhaskar para The New York Times

Nem todas as invasões de invertebrados são destrutivas. Em Las Vegas, uma nuvem de gafanhotos que desceu dos céus despertou imagens da praga bíblica das locustas. Mas elas vêm em paz, assegurou Jeff Lockwood, professor da Universidade de Wyoming. Como os milhões de turistas que visitam a cidade, estes intrusos de longas pernas são fascinados pelas luzes ofuscante de Las Vegas. As luzes, e o ano inusitadamente chuvoso em Las Vegas, fizeram com que os insetos migrassem dos áridos desertos do sul de Nevada em busca de comida.

“A sua fonte de alimento está se tornando bastante escassa”, disse Lockwood. “A cidade de Las Vegas é repleta de áreas verdes. O que pode atraí-los são na realidade as plantas, assim como as luzes à noite”. Os enxames podem incomodar, mas são inofensivos, segundo Jeff Knight, entomologista do Departamento de Agricultura de Nevada. “Eles não mordem”, disse a The Times. “Não picam. As pessoas não gostam deles. É compreensível”.

May Bedrenbaum, a diretora do Departamento de Entomologia da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, explicou ao The Times” que este é o comportamento natural destes insetos. “É sempre interessante para mim quando os insetos reclamam o que é seu”, afirmou. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.