22 de janeiro de 2019 | 06h00
BULGER, PENSILVÂNIA - Cerca de 150 vacas da propriedade Rivendale Farms usam coleiras semelhantes ao Fitbit para monitorar seus padrões de alimentação, movimento e pasto. São ordenhadas por máquinas robóticas. Uma pequena estufa, cheia de couve, rúcula e cenouras, é automatizada. Temperatura, umidade e luz do sol são controlados por sensores e telas metálicas retráteis. E, em breve, é possível que pequenos robôs caminhem pelos 7,5 acres de plantação de verduras em busca de pragas e ervas daninhas.
A agricultura é uma atividade que envolve cada vez mais alta tecnologia. Drones, imagens de satélite, sensores de solo e supercomputadores ajudam na produção de alimentos. Mas essa tecnologia é criada principalmente para as grandes fazendas industriais, cujos campos se estendem até onde o olho alcança. A Rivendale Farms, que completou recentemente seu primeiro ano de funcionamento, oferece uma amostra da tecnologia que está disponível para o pequeno agricultor.
Fazendas menores costumam se dedicar ao cultivo de gêneros mais especializados, que requerem uma abordagem em menor escala, como os pequenos robôs em fase de - para a Rivendale nos laboratórios da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, não muito longe.
A Rivendale pode gastar com tecnologia de ponta e pesquisa científica porque o proprietário da fazenda, Thomas Tull, é um empreendedor bilionário, investidor em projetos de tecnologia e ex-produtor de cinema. Gastou milhões de dólares com Rivendale. Ele diz que o plano é tornar a fazenda autossustentável já em 2020.
Com isso, Rivendale pode fazer mais apostas simultâneas do que a maioria. Mas, para especialistas, tais esforços fazem parte de uma tendência entre os pequenos agricultores, que tentam produzir alimentos saudáveis usando menos combustíveis fósseis, fertilizante e ração processada.
Incluindo suas terras, pastos, área plantada e mata nativa, Rivendale ocupa 175 acres. Faz décadas que as propriedades rurais estão se consolidando nos Estados Unidos, e seu tamanho médio era de 445 acres em 2017. E mais da metade do valor na agricultura é produzida por uma pequena fração de fazendas muito grandes, com tamanho médio de 2.670 acres. Ao entrar no celeiro da Rivendale, não vemos pessoas - há apenas as vacas, um sistema automatizado de distribuição de ração e três máquinas de ordenhar.
As vacas são ordenhadas quatro vezes ao dia, quando se sentem prontas, em comparação às duas ordenhas diárias das fazendas operadas por humanos. E seu gado Jersey produz 15% mais leite do que a média dessa espécie, com mais proteína e menos gordura, disse a gerente-geral, Christine Grady.
"As vacas comem quando desejam, deitam-se quando desejam e produzem leite quando querem", disse Christine. "E uma vaca mais contente produz leite melhor e em maior quantidade".
A ordenha robótica está disponível há anos. Mas a tecnologia foi aprimorada, exigindo muito menos assistência humana do que há alguns anos. As máquinas custam cerca de US$ 200 mil cada. Sem elas e o sistema de alimentação automatizado, o celeiro de ordenha de Rivendale exigiria cinco funcionários em vez de um, disse Christine.
As máquinas são produzidas pela holandesa Lely. Em alguns países europeus, até 30% das vacas são ordenhadas por máquinas, enquanto nos Estados Unidos essa proporção é de aproximadamente 2%, estima Mathew Haan, da Universidade Estadual da Pensilvânia. Ele disse que a diferença é explicada pelos programas mais generosos que subsidiam o preço do leite na Europa, bem como o custo mais elevado da mão de obra, fatores que incentivaram o investimento na automação.
O proprietário da fazenda Rivendale, Tull, não tem dúvidas quanto à transformação que os avanços da tecnologia trarão para as pequenas propriedades rurais. Mas, depois de observar as operações no ano passado, ele disse ter aprendido a respeitar muito o agricultor, "que desempenha um trabalho árduo e complexo. A chave está no equilíbrio entre arte e ciência".
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