
28 de setembro de 2019 | 06h00
Em 2013, um amigo levou consigo Kat Vollinger e Nathan Richman como companheiros na escalada de uma rocha. Em poucos anos, eles casaram, e a sua paixão pelo esporte os levou a percorrer o mundo todo. Foi assim que, em março de 2018, eles decidiram escalar Castleton Tower, uma torre de arenito de 120 metros de altura, em Utah, munidos de um sismômetro. Eles ajudaram um grupo de cientistas a medir como a torre aproveita das vibrações naturais da Terra, e descobriram que ela pulsa a uma frequência aproximada do coração do ser humano.
Castleton é uma das formações que o geólogo Jeff Moore e a sua equipe da Universidade de Utah monitoram com gravações de rádio. Desse modo, eles esperam conhecer a saúde estrutural de arcos, pontes, e torres. Formadas há dezenas de milhares de anos, estas estruturas suportaram terremotos e ventos muito violentos. Mas as vibrações produzidas pelos seres humanos poderão desafiar a sua capacidade de suportar. Como alguns dos arcos do Arches National Park desmoronaram nos últimos vinte anos, os cientistas se perguntam: será um fato normal? Até que ponto uma rocha pode aguentar?
No seu estudo, os pesquisadores de Moore constataram que Caslteton pode aguentar um bocado. Eles previram que uma estrutura deste tamanho vibra a uma frequência inferior do que uma menor, como uma corda grossa do violão tem um tom mais baixo do que uma mais fina. A sua pesquisa sugere que as formações menores que vibram a uma frequência mais elevada talvez não sejam flexíveis. O seu trabalho proporciona uma nova perspectiva da natureza: formações rochosas aparentemente robustas se movimentam e mudam. Segundo Moore, "com esta energia vibratória, elas são vivas”.
Castleton, uma das maiores torres rochosas isoladas do mundo, balança como um arranha-céu. Kat Vollinger e Nathan Richman instalaram um sismômetro na base e no topo. Isto permitiu aos pesquisadores distinguir entre as vibrações decorrentes do balanço da torre e do terreno ao seu redor.
E constataram que a torre registrou tons de 0,8 e um hertz. Ela vibra com movimentos em direções perpendiculares simultaneamente. As vibrações no topo eram 70 vezes mais fortes do que as da base. “Foi muito interessante descobrir que elas se movimentam desse modo, mas não posso afirmar que foi uma revelação saber que as montanhas e as montanhas respiram”, disse Richman.
E se os seus ouvidos forem suficientemente sensíveis, poderão ouvir o seu zumbido, disse Paul Geimer, doutorando que trabalhou no projeto. Um tom diferente em gravações futuras poderá significar que a rocha está despertando. Mas será necessário um forte terremoto ou muito tempo para Castleton desmoronar, segundo Moore. As vibrações provocadas pelo trânsito, pelo vento e por escaladores e helicópteros são fracas demais.
No entanto, a equipe quer conhecer os efeitos cumulativos que os sons humanos poderão ter com o passar do tempo. “Muitas pessoas acham que pedra é pedra, que a pedra é forte, e as pessoas não podem absolutamente afetá-la”, afirmou Moore. “Estas rochas estão zumbindo com energia física, e elas reagem ao que nós fazemos”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.