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"Sustentável", Catedral de São Patrício ganha sistema geotérmico de calefação e resfriamento

Engenheiros calculam que mudança reduzirá energia usada em cerca de 30% ao ano

Por Sharon Otterman
Atualização:

Embaixo da catedral, o órgão de 7.855 tubos é um dos grandes esplendores da Catedral de São Patrício na Quinta Avenida, em Nova York. Mas, embaixo do piso, um novo sistema de tubos, tão intricado quanto aquele, é motivo de igual orgulho.

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Há um ano, de acordo com um plano de reforma que custa cerca de 200 milhões de dólares, a Catedral de São Patrício implantou um sistema geotérmico de calefação e resfriamento do ar extremamente sofisticado para substituir o sistema antigo de radiadores a vapor e de ar condicionado dos anos 60.

Ao redor do perímetro da catedral há agora 10 poços de 670 metros de profundidade escavados no leito rochoso de Manhattan, que coletam a água do lençol freático para ajudar a aquecer e esfriar a igreja de maneira eficiente. Agora, a catedral tem uma profundidade seis vezes maior do que a altura dos seus pináculos góticos.

O sistema é invisível aos visitantes. Os administradores do edifício construído há 138 anos quiseram que a igreja parecesse igual ao que sempre foi.

“Não só foi a opção mais sustentável e econômica em termos de energia a longo prazo para a catedral, como a que mais se coaduna com o bem maior de Nova York, e não apenas hoje, mas para as gerações futuras”, afirmou Monsignor Robert T. Ritchie, o reitor da Catedral de São Patrício.

Escondidas atrás das tampas dos radiadores estão as bobinas dos ventiladoresque sopram o calor geotérmico. Bem acima, em uma galeria chamada triforium, há 14 unidades de bobinas de ventiladores maiores que espalham ar fresco sobre os visitantes, no verão. E no espaço embaixo da igreja há um labirinto de canos que transportam água quente e gelada através do sistema.

Jeffrey Murphy, que chefiou as obras de restauração de São Patrício, na usina geotérmica embaixo do campus da igreja. (James Estrin/The New York Times) Foto: James Estrin/The New York Times

O projeto geotérmico de poços permanente de São Patrício é o maior já construído em Manhattan. E apesar do seu custo extraordinário - cerca de 35 milhões de dólares - a arquidiocese espera que estabeleça um precedente para outros edifícios, particularmente os históricos.

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“Se você é uma instituição que não estará aqui por centenas de anos, pode optar por outra coisa menos dispendiosa”, disse Jeffrey Murphy, que chefiou uma equipe da Murphy Burnham & Buttrick Architects na supervisão da restauração da catedral. “Mas se você está interessado em sustentabilidade, e interessado no longo prazo, este é um sistema fantástico”.

Também se coaduna com a visão do prefeito Bill de Blasio para uma Nova York mais sustentável. O Departamento de Sustentabilidade da prefeitura pediu a outros edifícios que considerassem a possibilidade de adotar a energia geotérmica, que pode representar uma economia de energia de aproximadamente 25 a 30% em comparação às opções convencionais.

A peça central do novo sistema instalado em São Patrício é a sua usina geotérmica, uma antiga sala das caldeiras em baixo do campus da catedral, lotada de bombas, compressores e outros equipamentos que permitem que o sistema funcione.

Um sistema computadorizado determina se deve esfriar ou aquecer, baseado em termostatos instalados o redor da catedral. Ele pode ligar ou desligar vários poços, e aquecer certas áreas enquanto esfria outras ao mesmo tempo. Esta é uma boa notícia para o cardeal Timothy M. Dolan, o arcebispo de Nova York, que gosta de manter o santuário “a uma temperatura relativamente fresca”, disse Richard A. Sileo, o chefe da equipe de engenheiros do sistema.

Quatro circuitos separados de água impulsionam o calor e o frio pelo sistema, explicou Sileo. O primeiro traz a água do subsolo, a uma temperatura de 13ºC o ano todo, dos poços para a usina geotérmica. O segundo a leva para uma máquina que a esfria até cerca de 7º no verão, ou a aquece até perto de 55º no inverno. Esta água então é levada para todo o campus e nas bobinas dos ventiladores espalhados pelos edifícios.

Os engenheiros calculam que isto reduzirá a energia usada em um sistema tradicional em cerca de 30% ao ano.

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