PUBLICIDADE

Tecnologia de reconhecimento facial pode substituir recepcionistas

Trabalhadores do hotel temem um robô na recepção

Por Eduardo Porter
Atualização:

Os chefes ainda não introduziram a tecnologia de reconhecimento facial no Royal Hawaiian Hotel. Mas por trás da recepção do palácio rosa em estilo neomourisco com vista para a praia de Waikiki, Jean Te’o-Gibney pode ver isso chegando.

“O Marriott acabou de implementá-lo na China, permitindo que os hóspedes façam o check-in em seus quartos sem se incomodarem com as formalidades da recepção, disse Te'o-Gibney, uma avó de 53 anos de idade. “Parece que eles sabem que estarão eliminando nossos empregos.”

Embora a automação não tenha chegado ao Marriott's Royal Hawaiian, os funcionários acreditam que isso é inevitável. Foto: Michelle Mishina-Kunz para o New York Times

PUBLICIDADE

Medos semelhantes fervilham em toda a vasta rede de hotéis da Marriott.

Juntamente com as demandas costumeiras por salários mais altos e mais segurança no trabalho, seu sindicato, Unite Here, está trazendo outra questão para debate, pedindo procedimentos para proteger os trabalhadores afetados por novas tecnologias e pelas inovações que as estimulam.

“Não se pode parar a tecnologia”, disse o presidente da Unite Here, D. Taylor. “A questão é saber se os trabalhadores serão parceiros em sua implantação ou se serão atropelados por pessoas que passarão por cima deles.”

Maria Mendiola, concierge do San Jose Marriott na Califórnia, lamenta que o acordo da Amazon de implantar seu dispositivo Echo nas instalações do Marriott acabará por tornar sua posição inútil. “A Alexa poderá fazer o meu trabalho no futuro”, disse ela.

No Sheraton Waikiki, os caixas se preocupam com um sistema de computador que permitirá que os servidores encerrem as checagens - tornando os caixas redundantes.

Publicidade

Existem máquinas de lavar louça automáticas no mercado, máquinas para virar hambúrgueres e misturar coquetéis, robôs para oferecer serviço de quarto ou ajudar os hóspedes a reservar um restaurante.

Novas tecnologias estão reconfigurando o ambiente de trabalho de outras formas. Os porteiros estão perdendo gorjetas enquanto os hóspedes recorrem ao Uber e ao Lyft em vez dos táxis regulares. O mesmo acontece com os mensageiros quando os hóspedes usam o Seamless, um aplicativo de entrega de comida, em vez do serviço de quarto.

Cliff Atkinson, vice-presidente sênior de hospitalidade da MGM Resorts, disse que as novas tecnologias mudaram as descrições de funções nas propriedades de sua rede, mas não eliminaram os empregos. Os funcionários da recepção deslocados pelos quiosques de check-in automatizados são apresentados como “embaixadores do lobby” ou concierges.

Ainda assim, a história sugere que a motivação mais poderosa para a implantação de novas tecnologias tem sido a oportunidade de reduzir os custos trabalhistas. De 1993 a 2007, Daron Acemoglu, do Massachusetts Instituto de Tecnologia e Pascual Restrepo, da Universidade de Boston, estimaram que cada novo robô cortou 5,6 empregos e reduziu os salários em 0,5%.

No ano passado, o McKinsey Global Institute publicou um relatório projetando que a tecnologia levaria a um declínio de 30% nos empregos em alimentação e hospedagem de 2016 a 2030.

Edward Wytkind, que recentemente liderou o Departamento de Comércio de Transportes da AFL-CIO, uma central trabalhista, disse que os sindicatos não poderiam deter a tecnologia se tentassem. “Talvez você possa pará-lo durante uma rodada de barganha ou retardá-la”, disse ele. “Mas a inovação vem acontecendo há 100 anos e nunca parou”.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.