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Walmart começa a vender brinquedos sexuais

Os itens, fabricados pela Clio, estarão disponíveis apenas em lojas dos EUA; varejista está de um olho em um mercado de US$ 50 bi

Por Katie Van Syckle
Atualização:

NEWTON, MASSACHUSETTS - No ano passado, Jamie Leventhal, diretor-executivo da Clio, uma pequena companhia que produz aparelhos como aparadores de cabelo, recebeu uma ligação de um comprador do Walmart. "O que você acha de brinquedos sexuais?" este perguntou a Leventhal.

Era uma proposta surpreendente em se tratando de uma empresa varejista conhecida por sua cultura corporativa conservadora. Entretanto, Leventhal sabia que outras varejistas estavam tendo sucesso com a venda de produtos para adultos, e isso poderia representar boas perspectivas de lucros.

A Clio está produzindo brinquedos sexuais pra a Walmart. Molde para um protótipo. Foto: Tony Luong para The New York Times

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Agora, 45 anos depois que as feministas começaram a vender vibradores pelo correio, e no momento em que marcas como a Goop estão defendendo "o bem-estar sexual" das mulheres, a empresa de Leventhal criou uma linha de brinquedos sexuais que estão sendo vendidos pelo Walmart.

Em outubro, a linha PlusOne da Clio começou a aparecer nas prateleiras de 4.300 das cerca de 4.700 lojas da Walmart nos Estados Unidos e na Walmart.com. A Walmart vende os itens em todo o país, com exceção de Virginia e Alabama, por causa das leis vigentes nestes estados. A companhia pretende começar a vender mais quatro produtos PlusOne, em agosto.

"Esta não é uma categoria nova para nós", disse o Walmart em comunicado, observando que já tem vibradores produzidos pelas fabricantes de preservativos. Entretanto, a PlusOne é uma decisão de alcance maior na área de brinquedos sexuais.

Os produtos serão mais sofisticados: à prova de água, recarregáveis e fabricados com silicone que não apresenta riscos para o organismo. Entretanto, seus preços variam de US$ 10 a US$ 35, muito inferiores aos dos "vibradores de designers", que podem custar de US$ 75 a US$ 200. A linha PlusOne é também mais identificável como brinquedo sexual do que outros aparelho expostos nas prateleiras da Walmart.

A Clio criou os produtos para a Walmart, mas tem também itens destinados à Target e à Amazon. Nos últimos oito meses, a Clio vendeu mais de 1 milhão de unidades de PlusOne. A companhia agora detém mais de 26% do mercado de massageadores sexuais, segundo a Nielsen, uma categoria que poderá valer US$ 50 bilhões até 2020, observou um relatório da Frost and Sullivan.

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"Quero me tornar a Kleenex dos brinquedos sexuais", afirmou Leventhal. "A marca que todos associarão aos brinquedos sexuais".

A Clio espera atrair mulheres que nunca adquiriram um brinquedo sexual antes, principalmente mães acima dos 25 anos, mas que aderem à ideia de que o "bem-estar sexual" é bom para si.

"É como levar uma loja de minibrinquedos sexuais para cada pequena cidade dos Estados Unidos", apontou Hallie Lieberman, autora da história dos brinquedos sexuais "Buzz". "É algo realmente revolucionário, mas sem estardalhaço".

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Leventhal fundou a Clio em 2002. Na época, ele viu uma abertura no mercado de produtos para toucador a preços mais acessíveis. A companhia agora tem cinco departamentos: aparadores de pelos, cortadores de unhas, cuidado da pele, aparelhos cosméticos e para o bem-estar sexual. Os brinquedos sexuais logo se tornarão a maior parte dos produtos da Clio no mercado.

"Este aparentemente é um momento crucial", disse Chad Braverman, executivo da fabricante de brinquedos sexuais Doc Johnson, fundada em 1976, quando os brinquedos sexuais ainda eram um negócio quase clandestino. "É mais um passo adiante para a normalização". / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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