A leste de cidade síria sitiada, turcos apreciam "paz' trazida pelo Estado Islâmico

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Por HUMEYRA PAMUK
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Residentes de uma cidade fronteiriça turca, a apenas uma hora de carro de onde o Estado Islâmico está lutando pelo controle da cidade síria de Kobani, apreciam tempos de calmaria, que eles atribuem ao avanço dos militantes sunitas na tomada de territórios na vizinha Síria. Meses de luta no mês passado entre grupos islâmicos e o Exército de Libertação da Síria (ELS), um grupo rebelde que busca derrubar o presidente sírio, Bashar al-Assad, mantiveram os residentes de Akcakale em estado de alerta, em meio a explosões diárias e ataques com morteiros. Mas a vida ficou mais fácil no sudeste dessa cidade turca desde que o Estado Islâmico avançou perto da fronteira em Tel Abyad, em janeiro. Residentes dizem que eles são melhores vizinhos, embora não tenham simpatia pela causa dos militantes. "Acabou o tiroteio, acabou o caos. Eu sei que isso parece bizarro, mas eu prefiro ter o Estado Islâmico na fronteira do que o ELS”, disse Mustafa Kaymaz, um sapateiro de 35 anos, apontando em direção ao portão de passagem na fronteira. A 65 quilômetros a oeste, já do lado sírio da fronteira, aviões dos Estados Unidos jogam bombas contra posições do Estado Islâmico ao redor de Kobani, ajudando curdos a defenderem a cidade de uma ofensiva rebelde iniciada há mais de um mês. Balas perdidas e munição de artilharia ocasionalmente atingem solo turco. Após ter vivido com o medo e com a confusão dos confrontos do outro lado da fronteira, os habitantes de Akcakale estão contentes que a vitória do Estado Islâmico tenha posto um fim nos combates nos arredores. Mas os residentes da cidade, predominantemente sunita, dizem que não concordam com a rígida interpretação do Islã adotada pelo Estado Islâmico, grupo que se tornou conhecido pelos assassinatos em massa e por sua brutalidade. “Talvez as pessoas desta cidade tivessem alguma simpatia pelo Estado Islâmico antes, já que pareciam lutar contra Assad, mas agora eles estão tentando matar curdos, nós não simpatizamos com eles”, disse Ismail Balakan, morador da cidade de 28 anos. No entanto, eles dizem não estar preocupados pela proximidade com o grupo. “Desde que o Estado Islâmico tomou o outro lado da fronteira, nós temos paz”, disse Yasin, de 42 anos, irmão de Ismail.

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