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Acordo entre Irã e AIEA será ineficaz, prevêem diplomatas

Por MARK HEINRICH
Atualização:

O acordo do Irã com os inspetores da Organização das Nações Unidas para resolver dúvidas sobre seu programa nuclear não bastará para afastar as suspeitas de que o país esteja desenvolvendo armas nucleares, segundo diplomatas. Eles dizem que o documento de trabalho está prejudicado por aparentemente descartar futuras investigações dos inspetores e não fazer menção a verificações mais abrangentes que a própria ONU diz serem necessárias para confirmar o suposto caráter pacífico do programa nuclear iraniano. Além disso, afirmam os diplomatas, o documento não define o que o Irã deve fazer para resolver as questões pendentes e ignora a exigência da ONU para que Teerã suspenda imediatamente suas atividades de enriquecimento de urânio. Diplomatas próximos à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, disseram que os "entendimentos" com o Irã são um marco no sentido de estabelecer um cronograma para que até dezembro o país se abra às inspeções, após quatro anos dificultando-as, o que levou a sanções da ONU. "É um bom plano de trabalho, com fases e datas para resolver questões pendentes, conforme solicitado pelo conselho (de 35 países da AIEA). Os membros do conselho devem saudar este fato", disse um importante funcionário da agência à Reuters. O pacto de 21 de agosto, cujo texto foi divulgado na segunda-feira, diz que Teerã havia resolvido a primeira questão relativa à natureza da sua atividade nuclear --experimentos secretos e em pequena escala com plutônio, o ingrediente mais comum em armas nucleares. Os detalhes do que o Irã fez para afastar as preocupações com os testes podem surgir em um novo relatório da AIEA, previsto para quarta-feira, duas semanas antes da reunião da direção da agência. O relatório lançará luzes sobre o nível de cooperação do Irã e pode influenciar as futuras negociações entre seis potências mundiais a respeito de novas sanções ao país. Os EUA defendem medidas mais duras, enquanto a Rússia acha que é preciso esperar uma eventual reaproximação de Teerã com a AIEA. Sob anonimato, diplomatas ocidentais criticaram o fato de o plano não exigir que o Irã faça nova adesão ao Protocolo Adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que permite inspeções mais intrusivas e praticamente sem aviso prévio em locais que não sejam declaradamente nucleares. As potências envolvidas no impasse com o Irã devido à sua recusa em cumprir as resoluções da ONU exigindo o fim das atividades de enriquecimento dizem que, caso o Irã não volte ao Protocolo Adicional, não há como descartar o risco de que o país mantenha uma unidade nuclear militar clandestina. Mohamed El Baradei, diretor da AIEA, vem dizendo o mesmo. Sem o Protocolo, o conhecimento internacional sobre as atividades iranianas diminuiu.

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