Acordo não encerra boicote político, dizem sunitas do Iraque

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Por WISAM MOHAMMED
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Um novo acordo político entre os principais líderes árabes sunitas, árabes xiitas e curdos do Iraque não bastará para acabar com o boicote dos sunitas ao governo, disse na segunda-feira o porta-voz do maior bloco político sunita. Num raro fato político positivo, o vice-presidente Tareq Al Hashemi, que é sunita, se juntou ao primeiro-ministro Nuri Al Maliki (xiita) e a outros políticos xiitas e curdos para anunciar, na noite de domingo, um acordo a respeito dos principais temas. Embora não tenham anunciado detalhes, eles dizem ter concordado a respeito de um mecanismo para a libertação de presos, do texto de uma lei que distribui as riquezas petrolíferas e de medidas para readmitir na vida pública ex-membros do Partido Baath, que dava sustentação ao regime de Saddam Hussein. Todas essas eram exigências importantes da Frente do Acordo, principal partido sunita, que havia retirado os seus seis ministros do gabinete de Maliki em 1o de agosto. Hashemi é membro da Frente, mas não renunciou à vice-presidência. Mas Saleem Al Jubouri, dirigente parlamentar e porta-voz da Frente, disse que o acordo de domingo não bastará por si só para atrair os ministros de volta ao gabinete. "Não estamos boicotando o diálogo político, mas isso não significa que estejamos retornando ao governo. O acordo de ontem cobria várias questões, mas estamos esperando por ações no terreno." Acordos anunciados no passado por líderes políticos acabaram emperrando na hora de definição dos detalhes ou da implementação. Jubouri disse que o maior progresso aconteceu na questão da reabilitação dos ex-baathistas, e que foram dados bons passos no sentido de libertar muitos dos dezenas de milhares de presos mantidos em penitenciárias dos EUA e do Iraque sem acusação formal. Muitos presos e ex-baathistas são sunitas que se sentem perseguidos pelo governo Maliki, dominado por xiitas. Os sunitas também estão preocupados com a lei petrolífera, já que suas províncias têm menos reservas de petróleo do que as regiões xiitas e curdas. Esses itens também são os que mais interessam a Washington para a promoção da reconciliação das facções. Autoridades norte-americanas vinham criticando a incapacidade do governo de aprovar tal pauta. O acordo de domingo dará ao embaixador Ryan Crocker pelo menos uma boa notícia para incluir em seu relatório, a ser entregue nas próximas semanas, junto com uma avaliação da segurança a ser feita pelo comandante militar David Petraeus. Tal relatório pode ser decisivo na decisão de retirar ou manter as tropas dos EUA. Na semana passada, Crocker disse que o governo Maliki era "extremamente frustrante" em seus progressos. Os senadores democratas Hillary Clinton e Carl Levin defenderam a substituição de Maliki, enquanto o presidente George W. Bush reiterou seu apoio a ele. No domingo, Maliki criticou Hillary e Levin, acusando-os de tratar o Iraque "como se fosse uma das suas aldeias."

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