Afeganistão apresenta novo ministério com poucas mudanças

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Por SAYED SALAHUDDIN E GOLNAR MOTEVALLI
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O presidente afegão Hamid Karzai planeja manter a maioria de seus ministros técnicos num novo gabinete apresentado ao Parlamento no sábado. Diplomatas do Ocidente comemoraram a lista de 23 ministros, que mantém os mesmos chefes nas pastas do Interior e das Finanças além de outros, tecnocratas. Mas alguns parlamentares afegãos e cidadãos que tinham esperança de uma mudança num governo marcado por acusações de corrupção disseram que a lista de Karzai está cheia de figuras recicladas que levará a um ministério sem brilho e incapaz de tomar decisões importantes. Karzai está sob pressão intensa de países ocidentais, cujo dinheiro e tropas apoiam seu governo, para provar que está falando sério quando diz que vai atacar a corrupção. Eles veem o ministério como o primeiro teste vital de seu compromisso. O ministro de Assuntos Parlamentares Anwar Jigdalak apresentou a lista para o Congresso afegão aprovar. Karzai foi reeleito depois de uma eleição no dia 20 de agosto sobre a qual houve inúmeras acusações de fraude. Autoridades dos Estados Unidos reconhecem que os 30 mil soldados adicionais que Washington está enviando ao Afeganistão não serão eficientes contra o crescimento da insurgência liderada pelo Taliban se o governo afegão não tiver a lealdade de seu próprio povo. No primeiro comentário oficial do Ocidente, o Canadá deu as boas-vindas ao ministério proposto por Karzai, que ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento. "Estamos contentes de ver que a lista de candidatos inclui indivíduos competentes, alguns dos quais com quem já trabalhamos no passado", disse o embaixador William Crosbie, cujo país tem 2.800 soldados estacionados no Afeganistão, especialmente no sul, reduto do Taliban. Karzai não compareceu à sessão parlamentar. O presidente da câmara Younus Qanuni disse que o Congresso vai se reunir no domingo para discutir as nomeações. POUCAS CARAS NOVAS Wahid Omar, porta-voz de Karzai, defendeu a nomeação de rostos conhecidos de seu mandato anterior. "O único parâmetro para aqueles que ficam foi sua eficiência e proficiência," disse Omar. "Nossa interpretação de mudança é que aqueles que foram eficientes, que tiveram conquistas no passado, devem ficar," disse numa coletiva de imprensa. Antes de Karzai submeter a lista ao Congresso, alguns diplomatas ocidentais disseram que a manutenção dos principais ministros é sinal de que o líder afegão tem uma gama limitada de candidatos qualificados para assumir pastas importantes. Parlamentares afegãos lamentaram não haver mais caras novas no ministério. "Minha opinião é de que não haverá grandes mudanças e isso não será um bom começo para o Afeganistão," disse o parlamentar Alam Gul Kochai.

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