Afegãos vão assumir defesa com retirada de tropas dos EUA

PUBLICIDADE

Por PAUL ECKERT
Atualização:

O plano da administração Obama de retirar parte das tropas norte-americanas do Afeganistão mostra que o país pode começar a se defender, disse o presidente Hamid Karzai neste domingo. "O número de tropas que ele (Obama) anunciou que serão retiradas neste e no próximo ano é um sinal de que o Afeganistão está assumindo a sua própria segurança e começa a defender seu território com seus próprios recursos. Então, estamos felizes com o anúncio," disse Karzai ao programa Fareed Zakaria GPS, da CNN. "Sobre o número de tropas, não temos opinião," acrescentou. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, revelou um plano na última semana para retirar 10 mil soldados do Afeganistão neste ano e um total de 33 mil até o final do próximo verão no hemisfério norte, em um ritmo que várias autoridades militares disseram ser muito agressivo. O almirante Mike Mullen, chairman do grupo de militares que aconselha o poder executivo, e o general David Petraeus, principal comandante dos EUA no Afeganistão, disse em depoimento ao Congresso que a retirada de Obama é mais arriscada do que a estratégia que eles recomendaram, mas que apoiavam a iniciativa de reduzir o envolvimento na guerra de quase uma década. Mike Rogers, chairman do comitê de inteligência da Câmara, disse ao programa "State of the Union", da CNN, neste domingo que a retirada parecia ter motivações políticas e que poderia dar espaço para crescimento do Taliban. "O prazo é muito pequeno. O fato da retirada dos soldados estar marcada para antes do primeiro debate (para a eleição presidencial dos EUA) de 2012 é preocupante, já que as condições lá não mudaram," disse Rogers. Karzai disse que a informação de fontes locais que ele recebeu indicava que "a segurança em partes do país melhorou, a vida está melhor. Ainda não é o que desejamos, mas está melhor". O número de vítimas militares e civis atingiu nível recorde em 2010, o ano mais violento da guerra desde que as forças lideradas pelos EUA no Afeganistão derrubaram o governo Taliban no final de 2001. Este ano segue uma tendência similar, com a violência crescendo pelo Afeganistão desde que o Taliban anunciou uma ofensiva no início de maio. Um homem-bomba em um carro matou pelo menos 20 pessoas, e possivelmente até 35, em um ataque contra um hospital em uma área remota na província de Logar no sábado, atingindo a maternidade do hospital. Karzai admitiu para a CNN que explosivos na beira das estradas e ataques de homens-bomba continuam e são difíceis de eliminar, mas afirmou que eles não representam uma grande ameaça militar. "São incidentes, não são ataques do tipo que permitem controlar um vilarejo ou uma estrada," disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.