
06 de julho de 2009 | 11h02
As autoridades iranianas acusam o Ocidente, em particular os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, de incitar distúrbios na República Islâmica depois da votação de 12 de junho, na qual o ultraconservador presidente Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito.
"Nós alertamos com firmeza alguns países ocidentais para que não interfiram nos assuntos internos do Irã... a nação iraniana vai reagir", disse Khamenei.
A eleição presidencial, que o candidato de oposição Mirhossein Mousavi disse ter sido fraudada, resultou nos maiores protestos de rua no Irã desde a Revolução Islâmica, em 1979.
As autoridades dizem que mais de 1.000 pessoas foram detidas durante as manifestações, das quais a maioria foi solta. Mas entidades de defesa dos direitos humanos dizem que 2.000 pessoas, incluindo líderes da oposição, acadêmicos, jornalistas e estudantes podem ainda estar presos.
A Grã-Bretanha afirmou nesta segunda-feira que o Irã libertou um dos funcionários de sua embaixada em Teerã detidos depois da eleição. Apenas um ainda continua preso. O Irã acusa empregados iranianos da embaixada de instigar protestos de rua -- acusação que o governo britânico nega.
"Continua sendo nossa prioridade obter a libertação de todos os funcionários de nossa embaixada o mais cedo possível", disse uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores britânico. "Ainda mantemos conversas intensas com as autoridades iranianas e nossos parceiros internacionais para resolver isto."
Os países da União Europeia convocaram os embaixadores iranianos na sexta-feira para expressar seu protesto contra a prisão de funcionários da embaixada britânica em Teerã e advertiram o Irã de que adotariam medidas mais duras se eles não fossem libertados.
SARKOZY DIZ QUE IRÃ MERECE LÍDERES MELHORES
Khamenei, que elogiou a vitória de Ahmadinejad antes mesmo que uma revisão oficial confirmasse o resultado, disse que a votação é um assunto interno iraniano.
"A eleição foi um grande ato. Os inimigos querem criar conflitos entre os iranianos. O que a eleição tem a ver com os inimigos?", perguntou ele.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, em comentários feitos depois das declarações de Khamenei, disse que os iranianos merecem líderes melhores e se comprometeu a apoiar a Grã-Bretanha no atual impasse com o Irã.
"De fato, o povo iraniano merece líderes melhores do que os que eles têm hoje", disse Sarkozy em uma entrevista à imprensa, ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, na qual prometeu pleno apoio da França à Grã-Bretanha na questão das prisões dos funcionários da embaixada.
As críticas ocidentais à repressão iraniana aos protestos no país depois das eleições parecem ter prejudicado as perspectivas de diálogo sobre o programa nuclear iraniano, que o Ocidente teme que possa ser usado para a fabricação de armas atômicas.
Encontrou algum erro? Entre em contato