AIEA visa acordo estrutural com Irã e acesso a base militar

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Por FREDRIK DAHL
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A agência nuclear da ONU disse nesta terça-feira que espera ter acesso à base militar de Parchin durante uma visita ao Irã, nesta semana, que visa desbloquear a investigação sobre suspeita de pesquisa de bomba atômica no país islâmico. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tentará finalizar um acordo estrutural com o Irã nas negociações de quarta-feira em Teerã, que lhe permita relançar seu inquérito, afirmou o vice-diretor geral da AIEA, Herman Nackaerts. "Estamos abordando essa negociação com um espírito construtivo... e nós confiamos que o Irã trabalhará conosco no mesmo espírito", disse ele no aeroporto de Viena antes de sua equipe partir para Teerã para uma nova rodada do que têm sido negociações infrutíferas. Potências mundiais lutando para resolver uma disputa de uma década sobre o trabalho atômico do Irã e evitar a ameaça de uma nova guerra no Oriente Médio vão examinar as conversas entre AIEA e Irã em busca de qualquer indicação de uma prontidão iraniana para finalmente começar a resolver as suas preocupações. Ainda há incerteza sobre quando as potências --Estados Unidos, França, Alemanha, China, Rússia e Grã-Bretanha-- e o Irã vão retomar suas negociações separadas com intuito de encontrar uma solução diplomática mais ampla. Israel, um aliado dos EUA que supostamente tem o único arsenal nuclear do Oriente Médio, ameaçou com ação militar caso a diplomacia e as sanções econômicas destinadas a conter o programa iraniano de enriquecimento de urânio não resolvam o impasse. O Irã, um grande produtor e explorador de petróleo, diz que seu trabalho nuclear é um projeto inteiramente pacífico para gerar uma fonte alternativa de energia para uma população em rápida expansão. A AIEA, cuja missão é impedir a disseminação de armas nucleares no mundo, vem tentando há um ano negociar uma chamada abordagem estruturada com Teerã que lhe daria acesso a locais, funcionários e documentos no Irã. Tanto a AIEA quanto Teerã disseram que houve progresso na sua última reunião, em meados de dezembro. "Estamos com o objetivo de finalizar a abordagem estruturada para resolver as questões pendentes sobre as possíveis dimensões militares do programa nuclear do Irã", disse Nackaerts. A prioridade imediata da AIEA é visitar a base militar Parchin, a sudeste de Teerã, onde se suspeita que testes explosivos relevantes para armas nucleares podem ter ocorrido, talvez uma década atrás. O Irã nega a acusação. "Nós esperamos ser autorizados a ir a Parchin e se o acesso for concedido, vamos agradecer a chance de fazer isso", disse Nackaerts. "Estamos prontos para ir." Alguns membros da equipe da AIEA carregavam pastas metálicas, aparentemente com o equipamento que seria necessário para inspecionar Parchin em busca de quaisquer vestígios de atividade relacionada com armamento nuclear ilícito lá. Diplomatas ocidentais dizem que o Irã tem trabalhado desde o ano passado para limpar Parchin de qualquer evidência incriminatória, mas o chefe da AIEA, Yukiya Amano, disse no ano passado que uma visita ainda seria útil. O Irã, que rejeita as acusações de uma tentativa disfarçada de desenvolver os meios e tecnologias necessários para produzir armas nucleares, diz que deve primeiro chegar a um acordo estrutural com a AIEA sobre a forma como o inquérito deve ser feito antes de fornecer qualquer acesso a Parchin.

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