30 de abril de 2011 | 17h30
AMÃ - Milhares de sírios carregando velas e entoando slogans contra o governo fizeram uma passeata no sábado à noite em Banias, numa manifestação para demonstrar seu apoio à cidade de Deraa, no sul do país, onde houve mortes nesta manhã, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
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Mais cedo, as forças de segurança da Síria prenderam dois veteranos da oposição e um grupo de mulheres manifestantes como parte de uma operação contra os ativistas pró-democracia, disseram grupos de direitos humanos.
A organização de direitos humanos síria Sawasiah informou que as forças de segurança mataram ao menos 560 civis desde que os protestos começaram há pouco mais de seis semanas.
Agentes de segurança prenderam Hassan Abdel Azim, de 81 anos, em Damasco, e Omar Qashash, de 85 anos, na cidade de Alepo, segundo o centro para a defesa de prisioneiros.
Outros ativistas de direitos humanos disseram que as forças de segurança prenderam 11 mulheres que marcharam em uma demonstração silenciosa só de mulheres no distrito de Salhyia em Damasco no sábado.
A marcha foi em apoio aos moradores da cidade de Deraa, para onde o presidente Bashar al-Assad enviou tanques para oprimir uma revolta contra seu governo.
Mortes. Neste sábado, ao menos quatro pessoas foram mortas durante uma invasão à mesquita al-Omari, em Deraa, berço da revolta popular contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Forças de segurança sírias mataram quatro pessoas que invadiram o local. De acordo com a AP, a mesquita é local de concentração de manifestantes nas últimas semanas, por isso, mais cedo, o governo sírio havia aumentado o número de tanques e soldados na região.
Mais de cem tanques de guerra adicionais e mil soldados marcharam para a cidade, disse um residente por telefone. Segundo ele, seis pessoas morreram após franco-atiradores abrirem fogo. Tanques bombardearam residências no entorno da mesquita.
Também neste sábado, ainda segundo a AP, dezenas de mulheres foram impedidas de realizar uma marcha de protesto no Parlamento sírio, em Damasco, para exigir o fim da repressão que Assad impõe aos manifestantes. Os protestos já duram seis semanas - e cerca de 400 pessoas já foram mortas.
Desde a última segunda-feira o abastecimento de água e luz dos residentes de Deraa está interrompido, e as linhas de telefone estão cortadas.
Os militares entraram na cidade pela primeira vez no começo da semana. Os residentes dizem que não conseguem sair em busca de alimentos ou remédios ou para enterrar os mortos, já que o fogo cruzado continua sobre a cidade.
Protestos. Na sexta-feira, pelo menos 62 pessoas morreram em repressão a protestos realizados em diversas cidades sírias, inclusive Damasco, a capital. A nova ofensiva, durante a qual nove policiais também morreram, ignora a condenação da Organização das Nações Unidas (ONU) aos atos de violência do governo e o congelamento pelos Estados Unidos dos bens de membros da família do presidente Bashar al-Assad.
Ontem, no chamado "dia de fúria", os protestos se espalharam pelas maiores cidades do país, como Damasco e Latakia, reunindo milhares de pessoas, de acordo com testemunhas. As forças de segurança não hesitaram e abriram fogo contra multidões.
(Com Reuters, Agência Estado e Associated Press)
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