
20 de outubro de 2009 | 10h48
A comissão eleitoral do Afeganistão divulgou nesta terça-feira, 20, que marcou a realização de um segundo turno no país para o dia 7 de novembro. O presidente da Comissão Eleitoral Independente, Azizullah Lodin, disse que a entidade "não quer deixar o povo do Afeganistão na incerteza" por mais tempo. Segundo ele, os materiais necessários para a nova votação já estão prontos. "A comissão concordou em realizar um segundo turno e diz que ninguém conseguiu 50%" dos votos, afirmou.
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O presidente afegão, Hamid Karzai, classificou a decisão como legal e constitucional. "Acreditamos que a decisão da Comissão Eleitoral Independente é legítima, legal e constitucional e que fortalece o caminho para a democracia", disse Karzai em declarações a uma TV afegã.
O controverso primeiro turno das eleições afegãs ocorreu em 20 de agosto. Houve diversas denúncias de fraudes. Uma comissão apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou, após investigação, a impugnação de centenas de milhares de votos. Com isso, Karzai não obteve mais de 50% dos votos, forçando uma disputa entre ele e o ex-ministro das Relações Exteriores Abdullah Abdullah.
Um grupo de monitores independentes, chamado Democracia Internacional, calculou que Karzai tenha ficado com 48,3% dos votos - cerca de 2,1 milhões de votos -, depois de ter mais de 995 mil de seus votos anulados por fraude. De uma maneira geral, cerca de 1,3 milhões dos mais de 5 milhões de cédulas foram invalidadas. Cerca de 201 mil dos votos de Abdullah também foram anulados, mas seu porcentual aumentou de 27,8% para 31,5%.
Em entrevista à CNN, Abdullah disse na segunda-feira, 19, que "as portas estão abertas" para uma negociação que poderia resultar em um governo de união. Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, no entanto, um porta-voz do ex-ministro afirmou que ele não pretende integrar uma coalizão.
Obama elogia decisão de Karzai
O presidente dos Estado Unidos, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira que a decisão do presidente afegão de aceitar a realização de um segundo turno foi um passo chave no "processo de credibilidade" do país. Em comunicado, Obama afirmou: "As ações construtivas do presidente Karzai estabeleceram um importante precedente para a nova democracia do Afeganistão". O senador norte-americano John Kerry também qualificou o segundo turno como "uma grande oportunidade".
Obama aguarda a decisão das eleições para decidir sobre a estratégia para as tropas norte-americanas no país. O comandante Stanley McChrystal pede mais soldados, mas ainda não há decisão sobre o tema. Na véspera da divulgação do resultado das investigações, o governo de Obama havia colocado pressão sobre Karzai e anunciado que só enviará mais tropas ao Afeganistão após a crise eleitoral ser resolvida. Com informações da Dow Jones.
Texto atualizado às 11h50
(com AP e Reuters)
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