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Arcebispo sírio declara apoio a Assad, diz jornal

Segundo Yohana Ibrahim, 'maioria dos cristãos' do país apoia o ditador

Atualização:

VIENA - Um importante arcebispo da minoria cristã da Síria disse que "todo mundo ama" o presidente sírio, Bashar al-Assad, e ele ainda é "o melhor homem para pôr em prática reformas" no país, apesar da repressão militar às manifestações pró-democracia. O arcebispo Yohana Ibrahim, da igreja ortodoxa síria na cidade de Alepo, disse ao jornal austríaco Die Presse que a maioria dos cristãos do país apoia tanto Assad quanto as reivindicações de democracia, mas que as matanças perpetradas por partidários e oponentes de Assad têm de acabar. "Se ele deseja liderar essas reformas (democráticas), então é o melhor homem para fazer isso, porque tem experiência e conduz o país há mais de dez anos", afirmou Ibrahim, segundo a entrevista publicada nesta sexta-feira, 11. "Ele é o presidente, todo mundo o ama. Não apenas os cristãos, os muçulmanos também. Mas isso não é o suficiente. Nós precisamos de boa liderança para o futuro. Assad é uma das pessoas certas para realizar as mudanças que são necessárias." Ibrahim reconheceu, contudo, que outros -- incluindo pessoas da oposição -- também poderiam governar o país. "Sim. Por que não? A Síria está aberta", disse ele na entrevista, realizada quando estava em Viena. A minoria cristã síria têm acompanhado com temor os protestos que agitam o país desde março, por receio de que sua liberdade religiosa possa ser ameaçada se o governo autocrata, mas laico, de Assad for derrubado. Os muçulmanos sunitas compõem a maioria da população na Síria, mas nas quatro décadas de domínio da família Assad, que pertence à minoria muçulmana alauíta, os diferentes grupos religiosos tiveram liberdade para praticar sua fé. Para muitos cristãos sírios, o conflito sectário depois da derrubada de Saddam Hussein no Iraque, em 2003, e os ataques aos cristãos no Egito evidenciam os perigos aos quais poderiam estar sujeitos se Assad for derrubado, na sequência dos levantes populares que irromperam no mundo árabe no início deste ano. De acordo com dados da ONU, mais de 3.500 pessoas foram mortas na repressão aos protestos pró-democracia na Síria, cujo governo culpa militantes islamitas e gangues armadas pela violência. Muitos manifestantes dizem querer o fim do regime da família Assad e um governo democrático, negam que sua revolta seja sectária e alegam que Assad se vale do temor das minorias para perpetuar seu poder.

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