Ataques ocidentais na Síria se intensificam; conflito desestabiliza Turquia

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Por HUMEYRA PAMUK E DAREN BUTLER
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Forças lideradas pelos Estados Unidos intensificaram os ataques aéreos contra combatentes do Estado Islâmico que ameaçam curdos na fronteira turca com a Síria nesta terça-feira, depois que o avanço dos militantes começou a desestabilizar a Turquia. A coalizão realizou 21 ataques aéreos contra os militantes perto de Kobani, cidade síria de maioria curda, nos dois últimos dias, e parecia ter retardado os avanços do Estado Islâmico na localidade, informaram militares norte-americanos, alertando que a situação no local continua volúvel. O combate aos militantes na Síria ameaça a paz frágil da vizinha Turquia, onde os curdos estão furiosos com a recusa de Ancara em ajudar a proteger sua etnia em solo sírio. O sofrimento dos curdos sírios em Kobani desencadeou tumultos entre os 15 milhões de curdos da Turquia na semana passada, durante os quais pelo menos 35 pessoas foram mortas. Os curdos de Kobani relataram que os ataques aéreos encabeçados pelos EUA contra o Estado Islâmico ajudaram, mas que os militantes, que sitiaram a cidade durante semanas, ainda estão atacando. “Hoje houve ataques durante o dia, uma novidade. E às vezes víamos um avião realizando dois ataques, soltando duas bombas ao mesmo tempo”, afirmou Abdulrahman Gok, jornalista de um diário curdo local que se encontra na cidade. “De tarde, o Estado Islâmico intensificou seu bombardeio na cidade. O fato de que não estão combatendo cara a cara, mas bombardeando a cidade de longe, é sinal de que tiveram que recuar um pouco”. Asya Abdullah, copresidente do principal partido curdo da Síria, o Partido da União Democrática (PYD), disse que as incursões aéreas foram “extremamente úteis”. “Estão fazendo estragos em alvos do Estado Islâmico, e por causa destes ataques conseguimos repeli-los um pouco. Eles ainda estão bombardeando o centro da cidade.” Foi o maior número de ataques aéreos em Kobani desde o início da campanha liderada pelos EUA no começo do mês passado, segundo o Pentágono. A Casa Branca afirmou que o impacto foi limitado pela ausência de forças no local, mas que as provas obtidas até agora mostraram que a estratégia está funcionando. O presidente dos EUA, Barack Obama, deverá discutir a estratégia nesta terça-feira com líderes militares de 20 países, incluindo a Turquia, países árabes e aliados ocidentais. Nos bastidores, autoridades norte-americanas vêm expressando frustração com a recusa da Turquia em ajudá-los a combater o Estado Islâmico. Washington afirmou que a Turquia concordou em permitir que suas forças ataquem a partir de uma base aérea turca, e Ancara diz que a medida ainda está em discussão. A batalha por Kobani se arrasta há quase um mês, embora na segunda-feira combatentes curdos tenham conseguido substituir uma bandeira do Estado Islâmico no oeste da cidade por uma sua. Curdos do vizinho Iraque, que também lutam aguerridamente contra os militantes sunitas radicais, disseram ter enviado munição vasta para ajudar seus irmãos sírios em Kobani. (Reportagem adicional de Jeff Mason e Phil Stewart em Washington)

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