O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, mostrou-se frustrado com o governo do premiê iraquiano, Nouri al-Maliki, mas disse nesta terça-feira, 21, que cabe à população do Iraque decidir se continuará a apoiá-lo ou não. Veja Também Embaixador americano diz que avanços no Iraque são decepção O presidente americano deixou claro que isso não dava um veredicto final ao governo de al-Maliki. "A questão fundamental é se o governo vai responder às demandas da população", disse Bush. "E se o governo não responder às demandas da população, eles vão substituir o governo. Essa decisão cabe aos iraquianos, não à políticos americanos". O apoio de Bush é vital para a sustentação do premiê no Iraque e, abstendo-se, o presidente americano priva Maliki de seu principal aliado. "Os iraquianos vão decidir", afirmou o presidente. "Eles decidiram que querem uma Constituição. Eles elegeram membros de seu Parlamento e vão tomar as decisões, como se faz em uma democracia". Bush falou em uma coletiva de imprensa ao concluir uma conferência de dois dias com o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, e o presidente mexicano, Felipe Calderon. Um dia antes, o senador Carl Levin, presidente da Comissão de Serviços Armados do Senado americano, pediu à assembléia iraquiana que depusesse Maliki e repusesse seu governo com um teor menos sectário e mais unificado. Maliki, que perdeu apoio dos sunitas e de parte dos xiitas, sentiu-se obrigado a buscar apoio regional de países não muito amistosos aos EUA. Após visitar o Irã e seu presidente, Mahmoud Ahmadinejad, o premiê visitou o presidente da Síria, Bashar Assad, que prometeu ajudar nos esforços para a estabilização iraquiana. Os EUA já haviam criticado a visita de Maliki ao Irã e vinham manifestando a esperança de que o premiê enviasse uma "forte mensagem" ao governo sírio, mas o primeiro-ministro iraquiano disse não ter nenhuma mensagem dos americanos para entregar a Assad. "Vim aqui para trazer as mensagens do Iraque, não para ser mensageiro de outros", disse Maliki depois de uma reunião com o vice-presidente da Síria, Farouk al-Sharaa. A primeira visita oficial de Maliki à Síria faz parte de seus esforços em buscar a ajuda de países vizinhos para conter a implacável violência que devasta o Iraque. Os Estados Unidos freqüentemente acusam a Síria de não se empenhar para impedir o fluxo de militantes estrangeiros e de armas pela porosa fronteira compartilhada com o Iraque. A Síria rejeita as acusações de que estaria alimentando a insurgência antiamericana no Iraque e alega ser impossível controlar uma fronteira tão extensa e desértica.