PUBLICIDADE

Bush pressiona árabes a se aproximarem de Israel

Por SUE PLEMING
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu na terça-feira aos países árabes que deixem seu ceticismo de lado e se aproximem de Israel, cujo primeiro-ministro pediu aos vizinhos que "não assistam ao trem da paz passar". Há meses Bush tenta despertar maior interesse dos árabes pelo processo de paz israelo-palestino, relançado formalmente na conferência de terça-feira em Annapolis (Costa Leste dos EUA), após sete anos de dormência. O objetivo é levar à criação de um Estado palestino nos próximos 13 meses. Cerca de um terço dos participantes da conferência de terça-feira são países árabes, entre os quais algumas potências regionais que não reconhecem a existência de Israel e relutaram até a última hora em ir a Annapolis --caso de Síria e Arábia Saudita. "Os Estados árabes também têm um papel vital a desempenhar", disse Bush na conferência. "Os Estados árabes devem abordar Israel, trabalhar pela normalização de relações e demonstrar com palavras e gestos que acreditam que Israel e sua gente têm um lar permanente no Oriente Médio." O premiê de Israel, Ehud Olmert, disse que não há um só Estado árabe com o qual Israel não tenha tentado estabelecer relações diplomáticas pacíficas. "Vocês não podem continuar parados indefinidamente vendo o trem da paz passar. É hora de acabar com o boicote e a alienação em relação ao Estado de Israel. Não é útil para nós e nos fere", disse Olmert. Ecoando vários outros países da região, a Arábia Saudita defendeu um processo de paz mais amplo, que inclua também as questões da Síria e do Líbano com Israel, depois da conferência de Annapolis. "Decidimos apoiar o lançamento de sérias e contínuas conversas entre palestinos e israelenses que tratem de todas as questões principais e do status final. Essas conversas devem ser seguidas pelo lançamento dos trilhos sírio e libanês assim que possível", disse o chanceler Saud Al Faisal. O chanceler da Jordânia, Salaheddin Al Bashir, disse que a região só terá paz e segurança permanentes se o plano de paz for abrangente. "Isso exige que também tratemos dos dois outros trilhos: o trilho da paz sírio-israelense, inclusive a questão das colinas do Golã, ocupadas (por Israel), e o trilho da paz libanês-israelense", afirmou. As negociações entre Síria e Israel em torno do Golã, território sírio capturado em 1967 por Israel, foram abandonadas em 2000. Olmert e Bush citaram a iniciativa de paz árabe, retomada neste ano, que oferece a normalização das relações com todos os Estados árabes em troca da desocupação israelense dos territórios conquistados na guerra de 1967. O embaixador saudita nos EUA, Adel Al Jubeir, disse que não poderia haver normalização dos laços de seu país com Israel sem um acordo de paz. "Não se pode colher os frutos da paz antes de fazer a paz, e deixamos isso muito claro", afirmou o diplomata a jornalistas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.