Carro-bomba mata 27 peregrinos xiitas no Iraque

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Um motorista suicida dirigindo um carro-bomba matou 27 muçulmanos xiitas que estavam numa estação de ônibus na cidade iraquiana de Mussayab se preparando para voltar para casa após um rito religioso, informaram a polícia e médicos. O ataque, que também deixou cerca de 60 feridos, reforça a tensão sectária que ameaça desestabilizar ainda mais o país um ano após a saída das tropas norte-americanas. A polícia disse que o suicida jogou o carro contra uma estação de ônibus lotada onde peregrinos estavam pegando ônibus para voltar a Bagdá e para cidades do norte após o rito religioso de Arbain na cidade sagrada de Kerbala, onde milhares fazem peregrinação anual. Mussayab fica cerca de 60 quilômetros ao sul de Bagdá. "Eu estava pegando um sanduíche quando uma explosão muito forte aconteceu no local e a explosão me lançou longe. Quando recuperei os sentidos e levantei, vi dezenas de corpos", disse Ali Sabbar, um peregrino que testemunhou a explosão. "Muitos carros foram incendiados. Eu sai do local e não participei nem do resgate das vítimas", acrescentou. O Arbain tem sido um alvo frequente para militantes desde a invasão liderada pelos Estados Unidos que derrubou o ditador sunita Saddam Hussein, que bania os festivais religiosos xiitas. Uma bomba deixada numa estrada tendo como alvo um micro-ônibus que saia de Kerbala com peregrinos xiitas feriu oito pessoas em Nova Bagdá. As mortes acontecem após quase duas semanas de protestos contra o primeiro-ministro do Iraque, o xiita Nuri al-Maliki, por parte de milhares de pessoas da minoria sunita na província ocidental de Anbar, na fronteira com a Síria. Os manifestantes acusam Maliki de estar seguindo as políticas do vizinho xiita Irã de marginalizar os sunitas, que dominaram o Iraque até a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003. O conflito na vizinha Síria, onde uma maioria sunita luta contra o governo do presidente Bashar al-Assad --apoiado pelo Irã-- também está despertando sentimentos sectários no Iraque e na região. Apesar de a violência estar bem menor do que no auge dos conflitos sectários em 2006-2007, um total de 4.471 civis morreu no Iraque no ano passado. Nenhum grupo assumiu a autoria pelos ataques desta quinta-feira, mas diversos grupos insurgentes sunitas atuam no Iraque, incluindo um braço local da Al Qaeda que tradicionalmente ataca alvos xiitas, tentando relançar a violência sectária. Na segunda-feira, ao menos 23 pessoas morreram e 87 ficaram feridas em ataques ao redor do país. (Reportagem de Ali al-Rubaie)

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