Chefe do Hamas encerra visita a Gaza pedindo unidade palestina

Khaled Meshal prometeu que seu movimento islâmico vai tentar sanar rixas com rivais que dominam a Cisjordânia ocupada

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GAZA - O líder do Hamas, Khaled Meshal, terminou sua primeira visita à Faixa de Gaza nesta segunda-feira, 10, com a promessa de que seu movimento islâmico iria tentar sanar as rixas políticas com rivais palestinos que dominam a Cisjordânia ocupada. Suas declarações reforçam as promessas que ele e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, líder do movimento rival Fatah, fizeram em uma conversa telefônica há um mês, de avançar com um acordo de unidade paralisado e oposto por Israel. Durante seus quatro dias em Gaza, Meshal enfureceu ainda mais Israel com promessas de jamais reconhecer o Estado judeu e buscar "libertar a terra da Palestina centímetro a centímetro", que Israel disse ver como justificativa para sua relutância em ceder terra ocupada em troca da paz. Mas em declarações breves feitas antes de cruzar a fronteira de volta para o Egito vindo de Gaza, Meshal se concentrou nas rixas palestinas. "Entrei em Gaza levando um grande amor por ela e saio com um amor ainda maior em meu coração", disse o líder de 56 anos do Hamas, que vive no exílio. "De Gaza eu enfatizei a necessidade por reconciliação, e faço isso novamente. Gaza e Cisjordânia são duas partes queridas de uma pátria palestina maior, e precisam uma da outra." O Hamas governa a minúscula Faixa de Gaza e sua população de 1,7 milhão desde 2007, quando venceu uma breve guerra civil com os rivais seculares do Fatah, que ainda controlam a Cisjordânia ocupada. Israel retirou soldados e colonos de Gaza em 2005. As duas principais facções palestinas têm tentado, geralmente sem muito entusiasmo, sanar suas diferenças. Meshal prometeu pressionar pela unidade, que é almejada pelos cidadãos palestinos. LAÇOS MELHORES APÓS GUERRA DE GAZA Além das discussões sobre Gaza, as duas facções palestinas estão divididas sobre os esforços de paz de Abbas com Israel, que não são aceitos pelo Hamas. Mas as conversas com Israel estão congeladas há dois anos, o que facilita deixar de lado a questão em prol da reconciliação. Ambas as partes também esperam ampliar os laços depois de uma guerra de oito dias com Israel no mês passado que terminou com uma trégua vista pelo Hamas como uma vitória, e de uma iniciativa liderada pelo Fatah na Assembleia-Geral das Nações Unidas reconhecendo o Estado palestino. Meshal se tornou o chefe do Hamas em 2004, depois que Israel assassinou os co-fundadores do grupo, xeique Ahmed Yassin e Abdel-Aziz al-Rantissi. Ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato israelense em 1997 na Jordânia. Alguns líderes do Hamas sugeriram que apoiariam uma trégua longa com Israel junto com a criação de um Estado palestino na terra que Israel capturou na guerra de 1967. Meshal, porém, adotou uma postura mais dura na sua visita a Gaza. "Hoje é Gaza. Amanhã será Ramallah e depois disso Jerusalém, então Haifa e Haffa", ele disse em um comício no sábado. Ramallah fica na Cisjordânia, enquanto Haifa e Jaffa fazem parte de Israel, embora tenham populações árabes consideráveis. No domingo, ele disse na Universidade Islâmica de Gaza: "Não aceitamos a solução de dois Estados", ou um Estado palestino ao lado de Israel. Qualquer medida em direção à reconciliação palestina vai enfurecer Israel, já irada com as declarações belicosas de Meshal em Gaza. Netanyahu disse no domingo que as declarações de Meshal em Gaza e a falta de críticas de Abbas mostravam que os palestinos "não têm intenção de nos aceitar. Eles querem destruir o nosso país."

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