24 de abril de 2008 | 17h48
A CIA (agência central de inteligência americana) apresentou nesta quinta-feira, 24, ao Congresso uma série de provas, que segundo o governo americano, demonstram que a Síria construía um reator nuclear com a ajuda da Coréia do Norte. Veja também: Síria confirma proposta de Israel para devolver Colinas de Golan A apresentação dessas provas foi muito criticada pelos congressistas, para quem elas chegaram "tarde demais", oito meses após Israel bombardear a central síria. Funcionários do serviço de inteligência dos EUA qualificaram as provas apresentadas a membros do Congresso como "extremamente convincentes". Os deputados, por sua vez, não analisaram publicamente seu conteúdo, mas transmitiram seu mal-estar com a demora do Governo em lhes comunicar sobre um tema tão delicado. Em comunicado a Casa Branca reafirmou que a Coréia do Norte auxiliou a Síria em um programa nuclear e que o reator bombardeado por Israel em Setembro "não tinha fins pacíficos. A grande pergunta que os deputados se fazem hoje é por que o Governo manteve em segredo, durante tanto tempo, uma informação tão delicada e omitiu-se da sua obrigação legal de informar "plena e continuamente" ao Congresso dos seus assuntos. O democrata Silvestre Reyes, presidente do Comissão de Inteligência da Câmara de Representantes, disse que o desafio dos deputados é superar "véu de sigilo" do Governo, que obstrui seu trabalho e suas responsabilidades. O republicano Peter Hoekstra foi mais incisivo e afirmou que apenas hoje todos os membro do comitê foram comunicados, apesar dele e Reyes terem conhecimento "há muito tempo" da informação que tinha o governo. Hoekstra também disse que os congressistas foram "usados" pelo governo e previu que o Executivo vai ter dificuldade para conseguir autorizações do Congresso em eventuais acordos com a Coréia do Norte por seu programa nuclear. A Casa Branca repudiou as palavras do deputado na única reação à apresentação das provas. No entanto, a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, assegurou que o Governo notificou 22 deputados acerca das provas em cumprimento do seu dever de informar ao Congresso deste assunto. Além disso, deu a entender que os países envolvidos nas conversas para encerrar o programa nuclear norte-coreano já tinham sido informados, ao indicar que as provas apresentadas hoje "não seriam novidade para eles". Além dos EUA, as duas Coréias, Rússia, Japão e China participam dessas conversas. Até o momento, não está claro como o conteúdo das reuniões de hoje vão afetar o andar das negociações. O diretor da CIA, Michael Hayden, informou às comissões de Inteligência, da Forças Armadas e de Assuntos Exteriores da Câmara e do Senado sobre supostas provas sobre a existência do reator nuclear, que foi bombardeado por aviões israelenses em 6 de setembro do ano passado, aparentemente com o apoio dos EUA. Segundo o Governo americano, o projeto da usina previa a produção de uma pequena quantidade de plutônio, que seria usado em armas nucleares. Um vídeo mostraria, segundo a imprensa local, que a instalação síria tinha o mesmo desenho da central norte-coreana de Yongbyon. Além disso, técnicos da Coréia do Norte seriam vistos nas imagens. A revelação sobre o suposto papel de Pyongyang na construção de uma usina nuclear na Síria foi feita no momento em que os EUA se preparam para suavizar as sanções contra a Coréia do Norte. Para isso, o Governo americano exige um relatório detalhado do desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano até a desativação da última usina nuclear que ainda funcionava, em Yongbyon, no ano passado. Em comunicado a Casa Branca anunciou acreditar que a Coréia do Norte tenha auxiliado a Síria em um programa nuclear e que o reator bombardeado por Israel em Setembro "não tinha fins pacíficos. O embaixador da Síria nos Estados Unidos classificou como "ridículas" as acusações americanas. (Matéria ampliada às 19h25)
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