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Coalizão síria naufraga e agrava temores com influência islâmica

Por JOHN IRISH E MOHAMMED ABBAS
Atualização:

A preocupação ocidental com a crescente força dos rebeldes jihadistas na Síria está se intensificando, prejudicando a ajuda à moderada Coalizão Nacional Síria, e possivelmente empurrando esse grupo oposicionista para os braços de apoiadores religiosamente conservadores, segundo fontes diplomáticas. A coalizão, amplamente reconhecida no âmbito externo desde sua formação, em novembro, não conseguiu se firmar no terreno, e perdeu credibilidade ao não conseguir angariar armas e verbas necessárias para sua luta contra o regime de Bashar al Assad. Isso deixou espaço para que grupos islâmicos, financiados e armados por ricos Estados e indivíduos do golfo Pérsico, se tornassem as facções mais fortes agindo na Síria. Elas gozam de respeito local por sua eficácia, mas alarmam alguns no Ocidente. Na segunda-feira, funcionários ocidentais e da coalizão síria esperam resolver seu impasse numa reunião em Paris, em meio a acusações da coalizão sobre promessas descumpridas, e divisões no Ocidente acerca de como tratar da presença islâmica nas fileiras rebeldes sírias. "Essa reunião é para soar o alarme. Temos de assegurar à coalizão o nosso apoio e o apoio da comunidade internacional", disse uma fonte diplomática francesa. "Precisamos evitar um governo no exílio. O objetivo é ter um impacto direto sobre o terreno. Trazer valor para os sírios no terreno", acrescentou a fonte. Mas vários governos ocidentais relutam em oferecer armas e equipamentos, pois temem que esse arsenal caia nas mãos de militantes islâmicos da Síria e de outros lugares dessa volátil região. As forças francesas estão atualmente combatendo insurgentes islâmicos do Mali que se armaram com material supostamente trazido da Líbia depois da rebelião que, com apoio ocidental, derrubou em 2011 o regime de Muammar Gaddafi. "Também aprendemos com a experiência que estamos tendo no Mali . O que não queremos são armas caindo nas mãos de pessoas erradas", disse a fonte francesa. Essa fonte acrescentou que teria sido mais fácil armar os rebeldes se estes tivessem concordado na formação de um governo de transição. Complicando a questão, há ainda aparente divisões acerca de como lidar com grupos islâmicos com o Jabhat al Nusra, ligado à Al Qaeda, que é uma das forças mais coerentes e disciplinadas na luta contra Assad. Os EUA consideram o Jabhat al Nusra como uma organização terrorista, e a Grã-Bretanha aparentemente partilha dessas preocupações. "É uma preocupação de que os agrupamentos mais fortes sejam combatentes islâmicos possivelmente ligados à Al Qaeda, e claramente há um interesse nacional de assegurarmos que isso não aconteça", disse um diplomata ocidental que pediu anonimato. A coalizão síria, temerosa de se indispor com um grupo que também luta contra Assad, criticou os EUA por terem proscrito o Jabhat al Nusra, enquanto a França buscou minimizar a questão da influência islâmica.

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