18 de outubro de 2012 | 18h05
BENGHAZI - Um comandante de uma milícia islâmica líbia investigado pelos Estados Unidos por suspeita de envolvimento no ataque do mês passado ao consulado norte-americano em Benghazi disse que estava presente na hora do incidente, mas que não foi um dos líderes. Quatro funcionários norte-americanos, inclusive o embaixador dos Estados Unidos na Líbia, morreram no ataque de 11 de setembro, inicialmente vinculado a protestos contra um filme ofensivo ao profeta Maomé.
Vários jornais norte-americanos disseram que autoridades líbias identificaram Ahmed Abu Khattala como líder dos ataques e que seu paradeiro seria desconhecido. Fontes governamentais dos Estados Unidos confirmaram à Reuters que Khattala está sob investigação.
Em entrevista à Reuters, Abu Khattala disse que soube pela imprensa que era tratado como suspeito e foragido. "Aqui estou eu abertamente, sentado num hotel com você", disse o militante de 41 anos, no restaurante de um hotel de Benghazi. Ele usava um chapéu de feltro vermelho e barba cheia, grisalha. "Até vou logo mais apanhar os filhos da minha irmã no colégio", acrescentou, rindo discretamente.
Uma fonte do Ministério do Interior líbio afirmou à Reuters que Khattala foi fotografado no dia do incidente, mas que não há provas suficientes para prendê-lo. "Havia muita gente lá da Ansar al-Shariah, de outras brigadas e do público em geral", disse o funcionário, pedindo anonimato. Ansar al-Shariah é a milícia islâmica radical acusada de promover o ataque.
Khattala negou ser líder da Ansar al-Shariah, embora tenha admitido nutrir simpatia pelo grupo e conhecer bem seus membros. Ele contou que, na noite de 11 de setembro, recebeu um telefonema relatando que estava em curso um ataque contra o consulado dos Estados Unidos, e então ele foi para lá.
"Cheguei à rua paralela ao consulado e esperei outros líderes de brigadas para me mostrarem o caminho até os prédios", relatou. "Cheguei ao local assim como os outros, para ver o que estava acontecendo". O comandante disse que nem liderou o ataque nem concorda com ele, mas que compreende a fúria que o motivou.
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