Começa julgamento de irano-americana acusada de espionagem

Porta-voz afirma que sentença da jornalista será anunciada em até 3 semanas; ela pode receber pena de morte

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Por Agências internacionais
Atualização:

O julgamento da jornalista americana de origem iraniana Roxana Saberi, detida há dois meses no Irã e acusada de espionagem, começou na segunda-feira, segundo o porta-voz do Poder Judiciário iraniano, Ali Reza Jamshidi. Em entrevista coletiva convocada em Teerã, Jamshidi anunciou também que a sentença será divulgada "muito em breve", já que a repórter, de 31 anos, apresentou suas últimas alegações.

 

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Roxana Saberi, filha de iranianos nascida nos EUA, foi presa no final de janeiro por trabalhar na República Islâmica após sua credencial de imprensa ter expirado. Sob o código penal do Irã, o crime de espionagem pode resultar em pena de morte. "A primeira sessão do julgamento contra Roxana Saberi ocorreu na segunda-feira. Acho que o veredicto será anunciado em breve, no máximo em duas ou três semanas", afirmou.

 

Segundo o pai de Roxana , que se encontra em Teerã e pôde visitar a repórter na prisão de Evin, a filha foi detida por ter comprado uma garrafa de vinho em um país que proíbe a venda e o consumo de álcool. As autoridades iranianas, no entanto, justificaram, em primeira instância, que a jornalista americana trabalhava "de forma ilegal", ao ter expirado há mais de um ano sua licença de trabalho.

 

A repórter, que colaborou com televisões de prestígio internacional, como a rede britânica "BBC" e a americana "Fox News", encontrava-se no Irã aparentemente escrevendo um livro sobre o país e fazendo mestrado em política iraniana. Roxana cresceu em Fargo, Dakota do Norte, e vive no Irã há seis anos. Um juiz investigativo iraniano alegou que Roxana passou informações secretas aos serviços de inteligência dos EUA, mas não forneceu outros detalhes.

 

O governo dos EUA reiteradamente pede a libertação de Roxana e as acusações contra ela e o julgamento foram um revés, especialmente no momento em que o presidente Barack Obama demonstra interesse em dialogar com o país, após décadas de relação difícil, inclusive durante o governo do antecessor George W. Bush. Não estava claro o motivo da rapidez do julgamento, especialmente pela gravidade das acusações. Pela lei iraniana, os condenados por espionagem podem pegar até dez anos de prisão.

 

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse na semana passada que os EUA estão "profundamente preocupados" com as acusações, descritas pelo departamento como "sem fundamento". Grupos de direitos humanos frequentemente criticam o Irã por prender jornalistas e restringir a liberdade de expressão. Teerã prendeu várias pessoas com cidadania iraniana e norte-americana, alegando que elas supostamente trabalhariam para derrubar o governo islâmico do país, através de uma "revolução suave".

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