Crise financeira do Afeganistão se agrava em meio a impasse eleitoral

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O governo afegão está ficando sem dinheiro, apesar dachegada de milhões de dólares em ajuda após um impasse sobre quem venceu as eleições causar grandes quedas de receita, enquanto o país ainda tenta lidar com a retirada de milhares de soldados estrangeiros. O governo terá dificuldades para pagar salários no próximo mês e novamente está pedindo ajuda, afirmou uma autoridade do Ministério das Finanças que pediu para não ser identificada. A embaixada norte-americana em Cabul confirmou que autoridades afegãs relataram a dificuldade em pagar saláriose financiar programas nos próximos meses, mas não detalhou como doadores planejam ajudar. "Embora os EUA e a comunidade de doadores estejam trabalhando com as autoridades afegãs para evitar grandes problemas em serviços essenciais, resolver esta questão exige antes de tudo uma ação por parte das autoridades afegãs", afirmou uma autoridade do Departamento de Estado. Potências estrangeiras injetaram bilhões de dólares em ajuda ao Afeganistão desde a queda do Taliban, em 2001, mas o próximo líder do país não deve receber a mesma ajuda financeira. Até o momento, o tamanho do rombo orçamentário é incerto, mas os dados mais recentes do website do Ministério das Finanças mostram que as receitas domésticas no primeiro semestre ficaram 27,5 por cento abaixo da meta de 1,1 bilhão de dólares. O ministério afirmou que os dados ainda não estão fechados, embora a autoridade tenha indicado que o déficit é de 500 milhões a 600 milhões de dólares. "Se as eleições não derem certo, não teremos como gerenciar isso e veremos grandes problemas além do nosso controle", afirmou o porta-voz do Ministério das Finanças, Abdul Qadir Jaillani. Os candidatos presidenciais Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani estão há meses imersos em um impasse pelo poder, após acusações de fraude de ambos os lados terem colocado o país à beira de uma guerra civil. "Nosso humilde pedido do Ministério das Finanças é de que ambos os candidatos cheguem a um acordo para evitar um problema maior para as receitas e a economia", disse Jaillani. Jaillani negou que os salários estejam sob risco imediato, embora uma série de projetos para construir e manter estradas, escolas e clínicas tenha sido suspenso por falta de verba. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, viajou duas vezes para Cabul no mês passado para tentar acabar com a crise eleitoral, mas os problemas já estão aparecendo no acordo assinado durante a sua última visita, há uma semana. Abdullah venceu facilmente o primeiro turno, realizado em abril, mas uma contagem preliminar mostrou que Ghani foi o vencedor do segundo turno, em junho. Uma auditoria de todos os oito milhões de votos está sendo feita, mas avança lentamente. O presidente em fim de mandato Hamid Karzai estabeleceu o fim de agosto como prazo para empossar o seu sucessor, mas autoridades eleitorais temem que a auditoria possa se estender até setembro. Um mês após o início do processo, apenas cerca de um terço dos votos foi auditado. (Por Jessica Donati)

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