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Cúpula dá até fim de 2008 para acordo israelo-palestino

Abbas e Olmert chegam a texto conjunto que traça caminho para as negociações que culminarão na Palestina

Por Agências internacionais
Atualização:

O presidente americano, George W. Bush, abriu a Conferência da Paz para o Oriente Médio nesta terça-feira, 27, anunciando que israelenses e palestinos concordaram em iniciar imediatamente negociações para se chegar a um acordo de paz que encerre seu conflito de seis décadas. O pronunciamento aconteceu praticamente na mesma hora em que negociadores dos dois lados afirmaram terem chegado a um texto comum que estabelece o caminho para os contatos.   Veja também:  Bush tenta acordo de paz no Oriente Médio  Participação do Brasil é 'começo', diz Amorim  Hamas reúne milhares em manifestação  Entenda a conferência de paz de Annapolis   Cronologia das negociações de paz   "Concordamos em lançar imediatamente negociações bilaterais e de boa-fé a fim de concluir um tratado de paz que resolva todos os assuntos pendentes, sem exceção", afirmou o presidente, lendo um comunicado conjunto. Segundo ele, os dois lados concordaram ainda em tentar alcançar um acordo até o fim de 2008.   A conferência de paz conta com a presença de 44 países, e Bush fez o pronunciamento tendo ao seu lado o premiê israelense, Ehud Olmert, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas.   O presidente conseguiu com que os dois líderes trocassem apertos de mãos.   O acordo foi obtido após negociações de última hora entre os dois lados em cima de um documento conjunto que traçasse o caminho para a negociação dos temas mais espinhosos: Jerusalém, as fronteiras de um futuro Estado, a segurança e o destino dos refugiados palestinos.   Bush pediu à Autoridade Nacional Palestina (ANP) que avance na criação de instituições livres e democráticas, além de impedir o extremismo e o derramamento de sangue. O presidente disse ainda que Israel deve suspender a expansão de assentamentos judaicos nos territórios ocupados.   Abbas e Olmert também discursaram após o pronunciamento de Bush.   Abbas disse que está preparado para qualquer acordo que assegure a capital do Estado Palestino em Jerusalém Oriental. Ele pediu ainda pelo fim do estabelecimento de assentamentos judeus na região.   Em seu discurso, Bush destacou que "esta é a hora" de se chegar à paz entre israelenses e palestinos. Ele destacou, no entanto, que o objetivo da conferência não é concluir um acordo, mas dar início às negociações.   "A tarefa iniciada aqui em Annapolis será difícil. Estamos no começo e não no fim do processo, e ainda resta muito a fazer", afirmou. "A hora é esta e a causa é justa. Com um duro esforço, sei que as partes envolvidas terão sucesso."   "O Estado dará aos palestinos a chance de levar uma vida de liberdade e dignidade", afirmou. "E este Estado ajudará israelenses com algo que eles vêm tentando há gerações: viver em paz com seus vizinhos".   Saída para Bush   Segundo analistas, Bush espera conseguir uma solução para a situação no Oriente Médio antes de deixar o poder, em 2009. Está é a rodada de negociações mais ambiciosa sobre o conflito em sete anos. Bill Clinton também tentou intermediar a paz no final de seu mandato, sem sucesso.   Além dos líderes palestinos e israelenses, o encontro de Annapolis reúne representantes de mais de 40 países e organizações internacionais, entre eles altos membros dos governos da Síria e da Arábia Saudita.   Observadores dizem que o fato de a conferência estar sendo realizada pelos Estados Unidos e contar com a participação de países que não reconhecem Israel pode fazer com que ela fracasse.   A ausência do grupo palestino Hamas, designado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos, União Européia e Israel deve pesar contra a reunião.   O Hamas controla os assuntos internos da Faixa de Gaza. O grupo disse, na segunda-feira, que não vai se sentir obrigado a cumprir com resoluções tomadas em Annapolis.   Perda de tempo   Uma importante autoridade do Hamas descreveu como "perda de tempo" a declaração conjunta entre israelenses e palestinos. "O que nós vimos é apenas uma festa de despedida para George Bush e uma tentativa sem esperança de retratá-lo como um grande líder que teve sucesso em fazer o que outros líderes norte-americanos fracassaram", disse Ahmed Youssef, renomada figura do Hamas em Gaza.   "Annapolis não é o caminho para nos levar à paz de verdade", completou ele à Reuters. "É uma perda de tempo".   Na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas, dezenas de milhares de pessoas participaram de uma manifestação de protesto contra a conferência, gritando palavras de ordem como "Abbas é um traidor" e "Morte a Israel, morte à América".   Em Hebron, durante protesto contra a conferência nos EUA, um manifestante morreu com um tiro no peito e outros 15 ficaram feridos em confrontos com forças de segurança leais ao presidente Abbas.

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