Duplo atentado suicida mata pelo menos 60 no Iraque

125 foram feridas em santuário xiita; incidentes acontecem após o dia mais violento desde maio de 2008

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Por Agências internacionais
Atualização:

A polícia iraquiana informou que dois atentados suicidas consecutivos nesta sexta-feira, 24, deixaram pelo menos 60 mortos e 125 feridos em um santuário xiita do norte de Bagdá. As explosões ocorreram um dia depois de cerca de 80 pessoas terem morrido em ataques no país, incidentes considerados os mais violentos desde março de 2008.

 

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As fontes disseram à televisão iraquiana que o atentado aconteceu desta sexta no santuário do imame Moussa al-Kazim, no bairro de Kadhimiya. Muitos dos feridos sofreram lesões graves, segundo as fontes. Segundo oficiais, os terroristas detonaram seus cinturões de explosivos nos arredores dos portões do santuário. Um policiais afirmou que eles promoveram os ataques pouco antes do início das orações sagradas de sexta-feira, enquanto os fiéis corriam para a mesquita.

 

O Imã Mousa al-Kazim viveu no século 8 e é um dos 12 santos xiitas. Centenas de milhares de xiitas seguem todos os anos para o templo, a fim de celebrar a morte dele, em 799 depois de Cristo. Os xiitas acreditam que al-Kazim esteja enterrado na mesquita da capital, que tem o domo dourado.

 

As explosões se seguiram a dois ataques suicidas na quinta-feira, um em Bagdá e outro na província nortista de Diyala, que deixaram até 80 mortos - o maior número de vítimas em um só dia no último ano. Os ataques coincidem com o aumento dos temores de uma volta da violência no momento em que as tropas dos EUA se preparam para deixar as cidades iraquianas em junho, antes de uma retirada integral em 2011. Há também dúvidas sobre se a polícia e os soldados iraquianos conseguirão garantir a segurança no país.

 

Enquanto a violência gerada pela invasão do Iraque pelas forças lideradas pelos EUA em 2003 diminuiu dramaticamente no último ano, grupos insurgentes continuam a promover frequentes ataques. Homens-bomba são marca registrada do grupo islâmico sunita Al-Qaeda.

 

Embora os EUA tenham se comprometido a iniciar uma retirada gradual do Iraque já nos próximos meses, uma revitalizada onda de ataques suicidas vem atingindo a capital e o norte do Iraque desde o fim de 2008. Segundo os planos de Washington, todos seus militares terão deixado o território iraquiano até 2011. Suspeita-se que sunitas ligados à Al-Qaeda estejam por trás das ações de ontem.

Pelo menos 87.215 iraquianos perderam a vida desde 2005 por causa da violência no Iraque, indicou um relatório secreto do governo do Iraque fornecido à agência Associated Press por um funcionário de Bagdá com a condição de que seu nome não fosse divulgado. A contagem de vítimas foi feita pelo Ministério da Saúde entre o início de 2005 e 28 de fevereiro. Mas o total exclui milhares de desaparecidos e de civis enterrados no caos da guerra sem registro oficial. A cifra registra exclusivamente as mortes violentas: pessoas assassinadas em ataques a tiros, explosões de bombas, disparos de morteiro e decapitações - prática recorrente no Iraque.Segundo o grupo independente com sede na Grã-Bretanha Iraqi Body Count, desde o início da invasão dos EUA, em março de 2003, o número de mortos em ataques chega a 110 mil. A cifra tem como base notícias de jornais, pois as estatísticas referentes aos anos de 2003 e 2004 não são confiáveis.Estima-se que, em 2008, o número de militares americanos mortos foi de 314. No entanto, no anterior, a cifra atingiu 904. O grupo independente iCasualties coloca em 4.275 o número de soldados dos Estados Unidos mortos desde o início da guerra, em 2003. Somando as demais baixas da coalizão, foram mortos 4.593 soldados. Em comparação, na guerra do Afeganistão, iniciada em 2001, 679 militares americanos morreram. Com os demais países da coalizão, o número chega a 1.133.

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Matéria atualizada às 8h25.

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