Embaixador sírio desertor pede ataque contra forças de Assad

Nawaf Fares pediu que o Exército direcionasse 'suas armas para os criminosos' do governo

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Por Redação
Atualização:

Texto atualizado às 16h40

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  BEIRUTE - O primeiro embaixador a abandonar o presidente sírio, Bashar Assad, pediu ao Exército para "direcionar suas armas para os criminosos" do governo, enquanto tropas invadiam um subúrbio da capital nesta quinta-feira, 12, para eliminar os rebeldes. Para Nawal Fares, nada menos a queda do presidente seria aceitável. Ele inclusive desconsiderou o principal plano internacional para o fim da violência no país do Oriente Médio intermediado pelo enviado da ONU Kofi Annan.  

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"Nunca há um mapa do caminho com Bashar Assad, porque ele atrasa e ignora qualquer plano que seja combinado internacionalmente", disse Fares em uma entrevista à emissora de TV Al-Jazeera. "De nenhuma maneira ele pode ser tirado do poder a não ser pela força - e o povo sírio se deu conta disso."

Fares, que tem laços estreitos com os serviços de segurança, foi embaixador da Síria em seu vizinho Iraque, um de seus poucos amigos na região. A deserção dele, poucos dias após a de Manaf Tlas, um general de brigada da Guarda Republicana que cresceu com o presidente, deu à revolta anti-Assad um de seus maiores incentivos em 16 meses de derramamento de sangue. Tlas, filho de um veterano ex-ministro da Defesa sírio, não fez nenhum comentário público desde que fugiu para Paris. Mas Fares postou uma declaração em vídeo no Facebook na quarta-feira em que repetidamente afirmava que as forças do governo estavam matando civis. "Declaro que me juntei, a partir deste momento, à revolução do povo sírio", disse ele. "Eu peço... aos membros do Exército para se juntar à revolução e para defender o país e os cidadãos. Direcionem as suas armas para os criminosos deste regime." O ministro de Relações Exteriores iraquiano, Hoshiyar Zebari, disse que Fares estava agora no Catar, um dos Estados do Golfo que abertamente apoia os rebeldes e pede a renúncia de Assad. A repressão de Assad no que começou como um amplo movimento pró-democracia pacífico ajudou a transformá-lo em uma rebelião armada, mas os insurgentes sabem que devem corroer a lealdade e a convicção do seu governo para afrouxar o seu controle do poder. A deserção foi bem recebida pelos oponentes de Assad e por potências ocidentais e árabes sunitas, que insistem que Assad deve deixar o poder em qualquer solução política para a Síria. Em Damasco, um breve comunicado do governo disse : "O Ministério das Relações Exteriores da Síria declara que Nawaf Fares foi dispensado de suas funções e ele não tem mais nenhuma ligação com a nossa embaixada em Bagdá ou o Ministério das Relações Estrangeiras. A embaixada no Iraque continuará conduzindo suas funções normais." Nesta quinta-feira, os moradores relataram o primeiro bombardeio da capital quando forças de segurança usaram morteiros, tanques e infantaria para tentar eliminar os rebeldes de Kfar Souseh, um subúrbio no sul. Ativistas disseram que tanques estavam atirando da Mesquita Hadi para o leste dos campos, e do aeroporto militar al-Mazzeh imediatamente para o oeste.

Com Reuters e AP

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