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Empresas europeias buscam negócios após acordo do Irã com potências

Expectativa é de aumento nos negócios com o país em áreas nas quais houve fim de embargo

Por ALEXANDRA HUDSON
Atualização:

BERLIM  - Empresas europeias, principalmente da Alemanha, estão otimistas com o acordo nuclear selado entre o Irã e o grupo 5+ 1 (EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha e França). A expectativa é a de aumento nos negócios com o país persa, principalmente em áreas nas quais houve o fim de embargo a transações comerciais, como autopeças e petroquímica.

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O telefone não para de tocar na Câmara de Comércio Germano-Iraniana desde que seis potências mundiais chegaram a um acordo com Teerã para aliviar o isolamento econômico da República Islâmica em troca da redução do programa nuclear iraniano.

A Alemanha, que já foi a maior parceira comercial do Irã, tem um especial interesse nesse país com localização estratégica, enormes reservas de gás e petróleo, necessidade urgente de modernizar a infraestrutura e uma população jovem, de 76 milhões de habitantes.

"Estamos falando o dia todo com companhias interessadas em fazer negócios com o Irã", disse Michael Tockuss, diretor da Câmara de Comércio.

Na prática, será necessária mais cautela. O acordo preliminar selado em Genebra, no domingo, que garante um alívio das sanções ao Irã num montante de até 7 bilhões de dólares, ainda pode desandar após dez anos de desconfiança e rancor, levando a sanções ainda mais profundas e prejudicando qualquer investimento mais apressado.

O acordo, com duração de seis meses, inclui acesso a possíveis transações de 1,5 bilhão de dólares em ouro e metais preciosos, a suspensão de algumas sanções ao setor automobilístico iraniano e às exportações petroquímicas, além de abrir formas de enviar e receber pagamentos para o comércio de itens humanitários, incluindo remédios e equipamentos médicos.

Os Estados Unidos, sob pressão de parlamentares céticos a respeito do acordo e diante da implacável oposição de Israel, minimizam a hipótese de uma bonança empresarial para o Irã.

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"Não vemos na base de um acordo de seis meses as empresas se apressando para entrarem... e vamos cumprir de forma muito vigorosa a vasta maioria das sanções, que continuarão em vigor", disse um alto funcionário do governo dos EUA antes das negociações.

Mas ele admitiu: "Não há dúvida de que algumas empresas irão voltar ao Irã".  Tockuss disse que há "não só apetite da Alemanha -- empresas norte-americanas também estão muito interessadas, particularmente em áreas como equipamentos médicos. Um dos mais importantes aspectos do acordo é o canal financeiro que estabelece".

Ele também listou fornecedores de autopeças, fabricantes de máquinas e firmas de infraestrutura como possíveis beneficiários.  Embora produtos humanitários, como remédios, estejam isentos de sanções, na prática esses suprimentos foram afetados porque bancos e empresas receiam em fazer negócios com Teerã. Isso agora poderá começar a mudar, ampliando o fluxo de medicamentos ocidentais para o país.

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