PUBLICIDADE

Enfraquecido por rivais, Ahmadinejad vai à assembleia da ONU

Por PARISA HAFEZI
Atualização:

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, viajou nesta segunda-feira para participar da reunião anual da Assembleia Geral da ONU, onde terá pouca margem de manobra diplomática, já que está enfraquecido por rivais internos que buscam evitar que suas palavras sejam encaradas pelo mundo como a posição oficial do Irã. Tentando desviar a atenção dos seus problemas políticos, Ahmadinejad disse à imprensa dos EUA na semana passada que dois cidadãos norte-americanos recentemente condenados por espionagem a oito anos de prisão seriam libertados "em alguns dias". Mas o Judiciário iraniano, controlado por radicais conservadores rivais, imediatamente tratou de humilhar Ahmadinejad em público, ao descartar a libertação iminente de Shane Bauer e Josh Fattal. Para o analista Hasan Farzi, o "establishment" conservador agiu assim para demonstrar a fraqueza política de Ahmadinejad. "Um presidente tão fraco dificilmente será capaz de obter qualquer avanço diplomático ao encontrar líderes mundiais em Nova York", afirmou. Políticos, clérigos e militares influentes do Irã têm se distanciado do presidente pelo fato de ele ter desafiado a autoridade do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei. No último mês, pelo menos 25 aliados do presidente foram presos, e vários sites ligados a ele foram tirados do ar. Seu maior aliado político, Esfandiar Rahim Mashaei, foi acusado de liderar uma "corrente desviante" que busca desafiar as instituições teocráticas, e de envolvimento numa fraude bancária de 2,6 bilhões de dólares, o que seria o maior escândalo financeiro na história do Irã. Ahmadinejad recentemente rejeitou as acusações a seus aliados, e Mashaei vai acompanhar o presidente na viagem à ONU. Em 2009, Khamenei deu aval à polêmica reeleição de Ahmadinejad, a qual motivou vários meses de protestos populares contra o governo. O rompimento entre os dois começou em abril, quando o aiatolá reconduziu ao cargo o ministro da Inteligência que havia sido demitido pelo presidente. Durante 11 dias, Ahmadinejad protestou recusando-se a ir ao seu gabinete, mas cedeu quando Khamenei ameaçou demiti-lo. Um funcionário iraniano que pediu anonimato disse que aliados de Khamenei alertaram Ahmadinejad para evitar discursos inflamados na ONU, onde no passado ele já pregou a aniquilação de Israel e argumentou que os EUA haviam tramado os atentados de 11 de setembro de 2001 contra o seu próprio território.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.