Estado palestino é crucial para Israel, diz Olmert

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Por ORI LEWIS
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O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse após os três dias de intensa diplomacia nos EUA que o fracasso na criação do Estado palestino poderia em longo prazo ameaçar a sobrevivência do Estado judeu. As declarações de Olmert apareceram na quinta-feira, dia seguinte à retomada formal do processo de paz, no jornal Haaretz, por ocasião do 60o. aniversário da resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que partilhava a Palestina britânica entre judeus e árabes -- a chamada "solução com dois Estados", ainda a ser implementada. "Se chegar o dia em que a solução com dois Estados desabar, e enfrentarmos uma luta em estilo sul-africano por direitos eleitorais iguais [entre árabes e judeus], então, assim que isso acontecer, o Estado de Israel está acabado", disse Olmert. Há 40 anos Israel controla a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, onde vivem 4 milhões de palestinos. Mas anexar esses territórios e seu povo iria, na opinião de Olmert, abalar o caráter judaico de Israel, que atualmente tem uma população de 7 milhões de pessoas. Olmert e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, concordaram nesta semana em tentar concluir o processo de paz até o final do governo de George W. Bush nos EUA, em dezembro de 2008 -- um prazo considerado ambicioso demais por alguns. Tanto Olmert quanto Abbas entram enfraquecidos na negociação. O premiê israelense é alvo de suspeitas de corrupção, e seus aliados de direita são contra concessões aos árabes. Já Abbas vive uma disputa de poder contra o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza e é contra a retomada do processo de paz. Também há ceticismo na opinião pública de ambas as partes. Uma pesquisa divulgada pela imprensa israelense mostrou que 83 por cento duvidam de um acordo dentro de um ano. Mantendo a violência frequente nas últimas décadas, Israel matou na quinta-feira quatro combatentes do Hamas em dois bombardeios no sul da Faixa de Gaza, segundo fontes hospitalares. A ala armada do Hamas prometeu manter suas atividades durante o processo de paz. "Todas as opções estão em aberto para responder a qualquer esperado crime sionista, depois da conferência que deu aos sionistas o direito de suprimir nosso povo", afirmou.

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