Estúdio usado televisão pela Al Jazeera é depredado na Cisjordânia

Rede foi fortemente criticada por palestinos por divulgar documentos sobre negociações com Israel

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Por ALI SAWAFTA
Atualização:

RAMALLAH -

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Homens armados danificaram nesta quarta-feira, 26, um estúdio na Cisjordânia usado pela televisão Al Jazeera, disseram testemunhas, vinculando o ataque à cobertura feita pela emissora de documentos que envergonharam líderes palestinos.

Quatro homens armados chegaram ao estúdio em Nablus operado pela empresa de mídia palestina Palmedia depois de a Al Jazeera ter usado o estúdio para transmitir uma entrevista ao vivo com um crítico da Autoridade Nacional Palestina (ANP), do presidente Mahmoud Abbas.

Um funcionário do estúdio disse que os homens perguntaram onde estava o entrevistado, o professor universitário Abdel Sattar Qassem. Ao ouvir que Qassem tinha ido embora, eles quebraram um computador, um aparelho de fax, uma câmera e uma janela.

A Al Jazeera foi fortemente criticada por autoridades palestinas esta semana pela cobertura feita do que, segundo afirmou, foram as minutas vazadas de conversações de paz com autoridades israelenses.

Os documentos, que a Al Jazeera está chamando de "Documentos da Palestina," mostram representantes palestinos oferecendo grandes concessões em negociações sobre questões cruciais como o futuro de Jerusalém e os refugiados palestinos.

Palestinos que participaram das negociações disseram que parte das informações divulgadas pela Al Jazeera reflete a verdade e que outros elementos foram incorretamente reproduzidos ou são totalmente falsos.

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Eles acusaram o Catar, o Emirado do Golfo onde a Al Jazeera tem sua sede, de estar por trás de uma "campanha de difamação" cujo objetivo seria enfraquecer Abbas. O Catar tem vínculos com o Hamas, o grupo islâmico que tomou a Faixa de Gaza da Autoridade Nacional Palestina, de Abbas, em 2007.

REPRESENTANTE REBATE ACUSAÇÕES

Seguidores de Abbas tentaram arrombar o estúdio da Al Jazeera em Ramallah, o centro administrativo da Cisjordânia, esta semana. Houve uma manifestação de protesto contra o canal em Jericó.

Representantes palestinos, que em 2009 proibiram a Al Jazeera de operar por um período breve durante uma desavença semelhante, dizem que o canal exagerou o teor dos documentos e acusam a emissora de não consultá-los sobre a autenticidade dos documentos antes de colocar o assunto no ar, no domingo.

Na terça-feira a Al Jazeera divulgou um documento que, afirmou, aparentemente mostra o ex-ministro do Interior de Abbas cooperando com um pedido de Israel de matar um militante palestino na Faixa de Gaza.

No documento, que data de 2005, o então ministro israelense da Defesa, Shaul Mofaz, é citado como tendo perguntado a seu colega palestino, Nasr Youssef, porque as forças da ANP não mataram Hassan Madhoun. Um mês depois, Madhoun foi morto em ataque aéreo israelense.

De acordo com o documento, que a Al Jazeera disse ser manuscrito, Youssef disse que tinha dado "instruções."

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Aparecendo na Al Jazeera, Youssef mostrou o que afirmou serem minutas oficiais de sua reunião, contrariando o relato da emissora. Youssef disse que Mofaz não tinha perguntado por que os palestinos não tinham matado Madhoun, mas por que não o tinham prendido. No árabe escrito, "deter" e "matar" podem parecer semelhantes.

"A diferença entre os dois documentos foi o que foi falsificado e reproduzido erroneamente," disse Youssef, acrescentando que Madhoun foi de fato detido pela ANP depois da reunião, para sua própria segurança. Ele teria em seguido escapado, disse Youssef.

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