09 de janeiro de 2010 | 17h58
O atentado frustrado contra um voo da Northwestern Airlines, no último dia de Natal, mostrou a força da Al-Qaeda na Península Arábica, uma das três franquias da rede de Osama Bin Laden no mundo muçulmano, ao planejar e quase executar um atentado em solo americano. Agora, de acordo com analistas ouvidos pelo estadao.com.br, o presidente dos EUA, Barack Obama, precisará intensificar os esforços no Iêmen para conter a ameaça da filial da Al-Qaeda no país árabe.
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Segundo o diplomata britânico Richard Barret, coordenador da equipe de monitoramento do Taleban e Al-Qaeda da ONU, o ataque mostra a capacidade do grupo de atacar alvos pretensiosos e os EUA terão de agir. "A partir de agora, Obama terá de focar seus esforços no Iêmen. Vai precisar apoiar mais o país do que fez até agora. Além disso, ele terá de garantir que medidas de contraterrorismo funcionem dentro e fora do Iêmen", disse.
Para o jornalista inglês Jason Burke, autor de "Al-Qaeda, a verdadeira história do fundamentalismo islâmico", Obama deve adotar uma estratégica mais sofisticada para conter o terrorismo no Iêmen do que foi feito nos anos de George W. Bush no Afeganistão e no Iraque. "Soluções globais não são necessariamente efetivas. Cada país requer um método diferente. No Iêmen devem haver uma combinação de auxílio às forças de segurança do país e de ajuda econômico", afirmou.
Burke e Barret concordam que a Al-Qaeda na península Arábica já dava sinais de oferecer perigo há algum tempo.Para o chefe do comitê da ONU sobre a Al-Qaeda, o atentado frustrado conseguiu dominar a agenda política e da mídia. "Estamos interessadas nela agora porque agora estamos ameaçados", acrescentou o jornalista.
Nesta semana, Obama foi a público duas vezes e fez duras críticas aos setores de inteligência, embora sem apontar nomes. "Este não foi um fracasso para coletar informações de inteligência, mas um fracasso para conectar e entender os dados que já possuíamos", disse na terça. Na quinta, acrescentou durante a divulgação de um relatório sobre o ataque frustrado "Em última instância, a responsabilidade é minha".
Entre as medidas já anunciadas pelo governo americano, estão a ampliação da listas de passageiros proibidos de voar, o aumento no número de detectores capazes de rastrear explosivos semelhantes ao carregado pelo nigeriano, e uma reforma na comunicação entre as diversas agências de inteligência.
Além disso, haverá uma revista reforçada de passageiros provenientes de Cuba, Irã, Sudão e Síria - países considerados pelos EUA como "patrocinadores do terrorismo" -, além de Afeganistão, Arábia Saudita, Argélia, Iraque, Líbano, Líbia, Nigéria, Paquistão, Somália e Iêmen.
Os EUA dão ajuda antiterrorista ao Iêmen desde 1998, além de outros tipos de assistência em questões de segurança. Em 2009, as autoridades americanas aprovaram US$ 67 milhões em equipamentos e ajuda para o Iêmen para apoiar as tarefas antiterroristas e de vigilância fronteiriça, segundo o Departamento de Estado.
Unificado desde 1990, o país conta com um governo central enfraquecido e dividido por um movimento separatista no sul do país e confronto com uma milícia xiita no noroeste, além da ação de terroristas da Al-Qaeda na Península Arábica.
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