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Europa precisa envolver-se mais no Iraque, diz chanceler francês

Por ASEEL KAMI
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, defendeu na terça-feira que a Europa desempenhe um papel de maior destaque no Iraque porque "os norte-americanos não serão capazes de resolver sozinhos os problemas daquele país". "A Europa precisa desempenhar um papel maior. E espero que outros ministros das Relações Exteriores venham visitar o Iraque", disse Kouchner à Rádio RTL, da França, em uma entrevista concedida em Bagdá. O chanceler não especificou qual papel seria esse. Kouchner é o primeiro ministro francês a visitar o Iraque desde a invasão liderada pelos EUA em 2003. A França, então governada pelo presidente Jacques Chirac, opôs-se veementemente à invasão e deixou o presidente norte-americano, George W. Bush, frustrado ao não ingressar na "Coalizão dos Determinados". O sucessor de Chirac, Nicolas Sarkozy, tenta, desde que subiu ao poder, melhorar as relações com Bush. E a visita de Kouchner vem sendo interpretada como um gesto capaz de simbolizar a nova política da França em relação ao Iraque. O chanceler, depois de três dias de encontros com líderes iraquianos, entre os quais o primeiro-ministro Nuri al-Maliki e o presidente Jalal Talabani, disse ter ficado claro haver uma falta de confiança entre os diferentes grupos daquele país. "Senti que há uma falta de confiança entre os diferentes grupos e líderes. No povo, a confiança mútua talvez seja maior", disse Kouchner. O governo de unidade nacional do Iraque encontra-se paralisado devido a desavenças internas. Os blocos políticos que representam a maioria xiita e as minorias sunita e curda mostram-se relutantes em firmar um acordo de compartilhamento de poder. O ritmo lento do processo político rumo à reconciliação nacional tem frustrado os EUA. A crise política transcorre em meio à violência sectária responsável por matar dezenas de milhares de iraquianos e por expulsar milhões de pessoas de suas casas. Segundo a polícia, homens armados mataram sete membros de uma mesma família na cidade de Latifiya, ao sul de Bagdá. Entre os mortos haveria três mulheres e uma menina. Não se sabe ainda a que grupo religioso pertencia a família. (Reportagem adicional de Francois Murphy em Paris e Ahmed Rasheed em Bagdá)

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