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Ex-membro do círculo de Saddam apoia protestos sunitas no Iraque

Por RAHEEM SALMAN
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O membro mais antigo do círculo de poder do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein pediu aos manifestantes muçulmanos sunitas contrários ao governo que se mantenham firmes até que o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki seja derrubado. Izzat Ibrahim al-Douri dirige o partido de Saddam, o Baath, proibido após a invasão do Iraque liderada pelos EUA em 2003 que derrubou o ex-ditador sunita e levou ao poder os muçulmanos xiitas, majoritários no país. Ao longo das últimas duas semanas, dezenas de milhares de sunitas, alguns agitando bandeiras da era Saddam, realizaram manifestações para demonstrar sua ira contra Maliki, a quem acusam de marginalizar sua comunidade e monopolizar o poder. "O povo do Iraque e todas as suas forças nacionalistas e islâmicas apoiam vocês até que sejam atendidas suas justas exigências de derrubada da aliança safávida-persa", disse Douri, dirigindo-se aos manifestantes, em imagens exibidas pela TV AlArabiya. Os safávidas foram uma dinastia que governou o Irã xiita dos séculos 16 a 18 e que em algumas épocas também controlou partes do território do atual Iraque. Desde que Maliki chegou ao poder, em 2006, o Iraque se aproximou do Irã, que exerce forte influência sobre vários partidos xiitas iraquianos. Cercado por homens em uniforme militar, Douri disse que a cúpula do Baath estava estudando lançar uma campanha para punir "justa e decisivamente" civis e militares que apoiam o que ele descreveu como "projeto safávida" do Irã para o Iraque. "É um claro plano para destruir o Iraque e anexá-lo ao Irã", afirmou. "Alertamos os traidores, agentes e espiões ... que apoiam o projecto perigoso ... que a resistência nacional vai enfrentá-los antes de Maliki e sua aliança maligna". A autenticidade do vídeo não pôde ser verificada. O influente clérigo xiita Moqtada al-Sadr, adversário de Maliki e que expressou apoio aos protestos dos sunitas, afirmou que Douri e seus seguidores são agentes dos Estados Unidos e de Israel e aos pediu manifestantes que os denunciem. "Se o governo não for capaz de capturá-lo seriamente e urgentemente (ou matá-lo), este será o nosso trabalho, nós, os soldados de Deus na Terra", disse o clérgio em um comunicado em seu site. Douri, raramente visto desde 2003, foi o vice-chefe do Conselho do Comando Revolucionário do Iraque, no governo de Saddam, e assumiu a liderança do Partido Baath após a execução do ex-ditador, em 2006. Após a invasão do país em 2003, ele foi classificado em sexto na lista dos 55 iraquianos mais procurados pelo Exército norte-americano. Os EUA ofereceram uma recompensa de 10 milhões de dólares por sua captura. Autoridades norte-americanas acusaram Douri de organizar a insurgência que atingiu seu auge de 2005 a 2007. (Reportagem adicional de Ahmed Tolba, no Cairo)

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