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EXCLUSIVO-Irã intensifica entrega de armas a Assad, dizem diplomatas

Por LOUIS CHARBONNEAU
Atualização:

O Irã intensificou significativamente nos últimos meses o apoio militar ao presidente sírio, Bashar al-Assad, solidificando sua posição junto à Rússia como a tábua de salvação do governo de Damasco em meio a uma guerra cada vez mais sectária, disseram diplomatas ocidentais. As armas iranianas continuam entrando na Síria a partir do Iraque, mas cada vez mais também por outras rotas, inclusive via Turquia e Líbano, o que viola o embargo da ONU ao comércio de armas do Irã, segundo autoridades que falaram à Reuters sob anonimato. Autoridades turcas e iraquianas rejeitaram as acusações. A aceleração do apoio iraniano a Assad indica que a guerra civil síria pode estar entrando em uma nova fase, em que o Irã tentaria interferir para desfazer o atual impasse em favor de Assad. O fato mostra também o crescente caráter sectário do conflito, segundo diplomatas. Eles dizem que as armas estariam sendo entregues pelo regime xiita do Irã ao grupo libanês Hezbollah, também xiita, e cada vez mais ativo na Síria em colaboração com as forças de Assad, que pertence à seita alauíta, uma variação do islamismo xiita. A rebelião conta Assad agrupa principalmente combatentes da maioria sunita. A ONU estima que, em dois anos de conflito, 70 mil pessoas já tenham morrido e que mais de 1 milhão de refugiados escaparam da violência. Um relatório ocidental de inteligência ao qual a Reuters teve acesso em setembro dizia que o Irã estava usando aviões civis para levar pessoal militar e um grande arsenal para Assad, atravessando o espaço aéreo iraquiano. Agora, segundo diplomatas, as armas continuam atravessando o território iraquiano, por ar e terra, apesar das promessas de Bagdá de que iria reprimir esse tráfico de armas, que viola sanções impostas pela ONU ao Irã em decorrência do seu programa nuclear. "Os iranianos estão realmente apoiando maciçamente o regime", disse um diplomata ocidental graduado nesta semana. "Eles têm intensificado seu apoio nos últimos três, quatro meses, por meio do espaço aéreo iraquiano e agora de caminhões. E os iraquianos estão realmente olhando para o outro lado." O embaixador sírio na ONU, Bashar Ja'afari, não fez comentários específicos sobre o tema. (Reportagem adicional de Parisa Hafezi, em Ancara; de Dominic Evans, em Beirute; de Mark Hosenball, em Washington; de Aseel Kami, em Bagdá; e de Ari Rabinovitch, em Jerusalém)

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