
20 de março de 2012 | 15h43
Trata-se do dia mais sangrento do Iraque em quase um mês, e o alcance das explosões coordenadas em mais de uma dúzia de cidades mostrou uma aparente determinação dos insurgentes de provar que o governo não pode manter o país seguro antes da cúpula.
O Iraque sediará o encontro pela primeira vez em 20 anos e o governo está ansioso para mostrar que pode manter a segurança após a retirada das tropas norte-americanas em dezembro.
"O objetivo dos ataques de hoje foi o de apresentar uma imagem negativa da situação da segurança no Iraque", disse o porta-voz do governo Ali al-Dabbagh à Reuters.
"Os esforços de segurança serão aumentados para neutralizar ataques de grupos terroristas e preencher brechas usadas por eles para infiltrar a segurança, seja em Bagdá ou em outras províncias."
O incidente com maior número de vítimas desta terça-feira ocorreu na cidade sagrada xiita muçulmana de Kerbala, ao sul, onde duas explosões mataram 13 pessoas e feriram 48 durante a hora do rush da manhã, de acordo com Jamal Mahdi, um porta-voz do Departamento de Saúde de Kerbala.
"A segunda explosão causou a maior destruição. Vi partes de corpos, dedos, mãos jogadas na estrada", contou o proprietário de uma loja Murtadha Ali Kadhim, de 23 anos, à Reuters.
"As forças de segurança são estúpidas porque eles sempre se reúnem no local de uma explosão e depois uma segunda explosão ocorre. Eles se tornam um alvo."
Explosões também atingiram a capital, Baiji, Baquba, Daquq, Dibis, Dhuluiya, Kirkuk, Mossul, Samarra, Tuz Khurmato e Dujail, ao norte, Falluja e Ramadi, a oeste, e Hilla, Latifiya, Mahmudiya e Mussayab, ao sul. A polícia desativou bombas em Baquba, Falluja e Mosul.
A maioria das explosões tinha como alvo postos policiais e patrulhas.
"Esta última onda de ataques muito provavelmente foi coordenada por um grupo grande e bem organizado. Provavelmente é uma tentativa de mostrar às autoridades que as suas medidas de segurança são insignificantes", disse John Drake, consultor sênior de risco do AKE Group, que estuda a segurança no Iraque para clientes corporativos.
Forças do Exército e da polícia são alvos frequentes no Iraque, onde atentados e tiroteios ainda ocorrem quase diariamente.
O braço da Al Qaeda no Iraque e grupos insurgentes ligados a sunitas muçulmanos dizem que, apesar da retirada das forças dos EUA, eles não vão baixar as armas e continuarão lutando contra o governo liderado pelos xiitas. Eles reivindicaram a responsabilidade por quase todos os grandes ataques até agora este ano.
Os ataques de terça-feira foram os maiores desde 23 de fevereiro, quando dezenas de explosões em todo o país mataram pelo menos 60 pessoas.
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