
27 de agosto de 2014 | 10h12
A batalha por Kunduz, em meio ao embate político causado pelo impasse na eleição presidencial na capital, tem um significado especial para os dois lados: foi o último bastião do Taliban antes de a Aliança Norte afegã, apoiada pelos Estados Unidos, expulsar o grupo em 2001.
A luta reflete uma tendência mais abrangente de ataques dos insurgentes por todo o país envolvendo centenas de combatentes de uma vez.
A maioria dos soldados ocidentais deve deixar o Afeganistão depois de 13 anos de combates, deixando um vácuo na segurança e o temor de que o Taliban avance rapidamente, já que as forças de segurança afegãs penam para impor a lei e a ordem.
Os moradores da cidade de Kunduz voltaram a se acostumar com o som das armas de fogo enquanto a luta se desenrola a alguns quilômetros de distância. Embora o governo ainda mantenha o controle da capital, carece de recursos – incluindo poder aéreo militar – para reconquistar áreas fora desse perímetro, muitas delas atualmente em mãos do Taliban.
“As pessoas estão preocupadas, e a maioria já fugiu para lugares seguros fora de Kunduz", disse o comandante de polícia do distrito de Chahar Darah, Abdul Shukor Surkhi.
Fontes policiais em Kunduz afirmam que cerca de 1.500 combatentes do Taliban estão empenhados no ataque à sua província, mas negam estar perdendo o controle. “Eles estão sonhando se acham que irão ocupá-la”, declarou o vice-chefe de polícia, Sayed Jahangeer Karamat, à Reuters.
O porta-voz do Taliban, Zabihullah Mujahid, disse que os insurgentes ocuparam quatro dos sete distritos da província.
“Todas as alegações que o inimigo fez a respeito da retomada do controle dos distritos estão completamente erradas”, afirmou Mujahid.
Os representantes do Taliban e da polícia dizem ter o apoio de moradores. O vice-chefe de polícia culpou o impasse eleitoral pela situação. “Se não anunciarem os resultados finais nos próximos dias, a situação irá piorar ainda mais”, afirmou Karamat. “Mas estamos prontos para defender este país”.
(Reportagem adicional de Feroz Sultani em Kunduz)
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