Forças de Gaddafi abandonam partes de Trípoli

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Por MARIA GOLOVNINA E AHMED JADALLAH
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Os bairros pobres de Trípoli, a capital da Líbia, desafiaram abertamente Muammar Gaddafi no sábado, quando sua permanência no poder após 41 anos de governo parecia cada vez mais tênue, em face à revolta em todo o país. As forças de segurança haviam abandonado o distrito da classe trabalhadora Tajoura após cinco dias de manifestações contra o governo, disseram os moradores a correspondentes estrangeiros que visitaram a área. Os moradores afirmam que as tropas abriram fogo contra manifestantes que tentavam marchar de Tajoura até a central Praça Verde durante a noite, matando ao menos cinco pessoas. O número não foi confirmado. Um funeral na manhã de sábado para uma das vítimas se transformou em outra demonstração contra Gaddafi. "Todos no Tajoura saíram contra o governo. Nos o vimos matando nosso povo aqui e em toda a Líbia", disse um homem que se identificou como Ali, de 25 anos, à Reuters. "Nós vamos demonstrar mais uma vez, hoje, amanhã, depois de amanhã, até que eles saiam." Os eventos em Tajoura contradizem as declarações de Saif al-Islam Gaddafi, filho de Gaddafi, que disse aos repórteres na sexta-feira à noite que a paz estava retornando à Líbia. Grande parte do leste do país produtor de petróleo, incluindo a cidade de Benghazi, está nas mãos de forças de oposição. O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, o mais forte aliado europeu de Gaddafi, disse em Roma no sábado que Gaddafi já não controlava a Líbia. Países ocidentais se reuniram para discutir ações punitivas contra Gaddafi e expressar sua indignação com a repressão da revolta, a mais violenta contra a onda de revoltas pró-democracia no mundo árabe, que já derrubaram os líderes da Tunísia e do Egito. Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou uma ordem que proíbe as transações com a Líbia. "Por qualquer medida, o governo de Muammar Gaddafi violou as normas internacionais e de decência e deve ser responsabilizado por isso", disse Obama em um comunicado nesta sexta-feira. Diplomatas na ONU disseram que a votação de um esboço da resolução pedindo um embargo de armas à Líbia, bem como proibição de viagens e o congelamento de bens de seus líderes deve ocorrer no sábado, depois que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que não se podia esperar. Diplomatas dizem que cerca de 2 mil ou mais pessoas foram mortas em todo o país. "Há corpos por toda parte. É uma guerra, no verdadeiro sentido da palavra", disse Akila Jmaa, que chegou à Tunísia na sexta-feira depois de deixar o país.

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