28 de março de 2011 | 18h41
Mais de 60 pessoas foram mortas na repressão na cidade, situada na fronteira jordaniana. Os protestos são o mais sério desafio ao poder do presidente Bashar al-Assad. Moradores disseram que franco-atiradores das forças de segurança estavam posicionados no topo das edificações.
Assad ainda não falou publicamente sobre os protestos, que se espalharam para o porto de Latakia, no norte, Hama, no centro, e outras localidades. Autoridades dizem que ele fará um discurso nos próximos dois dias, em meio a especulações de que poderá suspender o estado de emergência.
Multidões acorreram para a praça principal de Deraa nesta segunda-feira, gritando: "Queremos dignidade e liberdade" e "Não às leis de emergência."
Forças de segurança dispararam continuamente para o ar por vários minutos, na direção dos manifestantes, mas eles retornaram ao local assim que os tiros cessaram, disseram moradores. Não ficou claro de imediato se houve vítimas.
A repressão do governo de Assad, que as autoridades dizem ter como alvo grupos armados, vem provocando condenação internacional num momento em que os manifestantes, estimulados pelas rebeliões na Tunísia e Egito, entram em confronto com o aparato de segurança de um dos países árabes mais fortemente controlados.
REDUTO DA OPOSIÇÃO
Cercada por comunidades agrícolas, Deraa é um bastião de tribos da maioria muçulmana sunita da Síria, que se ressente do poder e da riqueza conseguidos por uma elite da minoria muçulmana alauíta, da qual Assad faz parte.
Uma estátua do pai dele, o ex-presidente Hafez al-Assad, foi derrubada na semana passada em Deraa. Em seguida, forças de segurança à paisana postadas em edifícios abriram fogo com armas automáticas contra a multidão.
Em 1982, a população também saiu às ruas na cidade de Hama, onde as forças de Assad mataram milhares de pessoas e destruíram boa parte do bairro antigo para esmagar um levante do grupo islâmico Irmandade Muçulmana.
Bashar al-Assad, de 45 anos, agora enfrenta a pressão para levantar o estado de emergência usado desde 1963 para abafar a oposição política, justificar prisões arbitrárias e dar amplo poder a um extenso aparato de segurança.
Os manifestantes querem a libertação dos prisioneiros políticos e informações sobre o destino de dezenas de milhares de desaparecidos nos anos 1980.
(Reportagem de Yara Bayoumy, Khaled Yacoub Oweis, Ece Toksabay e Alexandra Hudson)
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