PUBLICIDADE

Forças sírias fazem disparos de advertência em cidade do sul

Atualização:

Forças sírias dispararam para o ar nesta segunda-feira para dispersar uma manifestação pró-democracia em Deraa, uma cidade sulista que é palco de protestos de reformistas que querem derrubar os 41 anos de regime da família Assad. Mais de 60 pessoas foram mortas na repressão na cidade, situada na fronteira jordaniana. Os protestos são o mais sério desafio ao poder do presidente Bashar al-Assad. Moradores disseram que franco-atiradores das forças de segurança estavam posicionados no topo das edificações. Assad ainda não falou publicamente sobre os protestos, que se espalharam para o porto de Latakia, no norte, Hama, no centro, e outras localidades. Autoridades dizem que ele fará um discurso nos próximos dois dias, em meio a especulações de que poderá suspender o estado de emergência. Multidões acorreram para a praça principal de Deraa nesta segunda-feira, gritando: "Queremos dignidade e liberdade" e "Não às leis de emergência." Forças de segurança dispararam continuamente para o ar por vários minutos, na direção dos manifestantes, mas eles retornaram ao local assim que os tiros cessaram, disseram moradores. Não ficou claro de imediato se houve vítimas. A repressão do governo de Assad, que as autoridades dizem ter como alvo grupos armados, vem provocando condenação internacional num momento em que os manifestantes, estimulados pelas rebeliões na Tunísia e Egito, entram em confronto com o aparato de segurança de um dos países árabes mais fortemente controlados. REDUTO DA OPOSIÇÃO Cercada por comunidades agrícolas, Deraa é um bastião de tribos da maioria muçulmana sunita da Síria, que se ressente do poder e da riqueza conseguidos por uma elite da minoria muçulmana alauíta, da qual Assad faz parte. Uma estátua do pai dele, o ex-presidente Hafez al-Assad, foi derrubada na semana passada em Deraa. Em seguida, forças de segurança à paisana postadas em edifícios abriram fogo com armas automáticas contra a multidão. Em 1982, a população também saiu às ruas na cidade de Hama, onde as forças de Assad mataram milhares de pessoas e destruíram boa parte do bairro antigo para esmagar um levante do grupo islâmico Irmandade Muçulmana. Bashar al-Assad, de 45 anos, agora enfrenta a pressão para levantar o estado de emergência usado desde 1963 para abafar a oposição política, justificar prisões arbitrárias e dar amplo poder a um extenso aparato de segurança. Os manifestantes querem a libertação dos prisioneiros políticos e informações sobre o destino de dezenas de milhares de desaparecidos nos anos 1980. (Reportagem de Yara Bayoumy, Khaled Yacoub Oweis, Ece Toksabay e Alexandra Hudson)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.