
11 de agosto de 2011 | 11h46
Os militares prosseguem com uma campanha para esmagar os protestos contra o presidente da Síria, Bashar al-Assad, apesar de novas sanções dos Estados Unidos e de apelos regionais para o fim do derramamento de sangue.
A entidade Observatório Sírio pelos Direitos Humanos afirmou ter obtido os nomes das cinco pessoas mortas e 16 feridas nas investidas desfechadas pela manhã por forças de segurança apoiadas por tanques em Qusair, perto da fronteira libanesa, depois de protestos à noite pedindo a destituição de Assad.
Um outro grupo, a União Síria de Coordenação da Revolução, informou ter identificado pelo menos nove pessoas, incluindo uma mulher e um bebê, mortos por disparos aleatórios em Qusair.
Por volta de 14 tanques e veículos blindados também vasculharam a localidade de Saraqeb, situada na principal rodovia norte-sul da Síria e palco de manifestações diárias de protesto. Segundo disseram moradores, por telefone, cem pessoas foram presas pelas forças de segurança.
O norte da Síria, em especial a província de Idlib, contígua à Turquia, tem sido um dos propulsores das manifestações que se espalham pelo país para exigir liberdade política, inspiradas nas revoltas populares em várias partes do mundo árabe contra regimes repressivos.
Desde o início do levante, há cinco meses, contra os 41 anos de regime repressivo da família Assad, a Síria vem impedindo o trabalho da maioria dos jornalistas independentes, o que dificulta a checagem dos relatos feitos por ambos os lados.
Pelo menos 1.700 civis foram mortos no conflito, dizem grupos de defesa dos direitos civis. Desde o início do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, uma série de incursões militares em cidades e vilarejos aprofundou a condenação internacional ao governo do país.
Na quarta-feira os EUA impuseram sanções contra um banco estatal sírio e a maior empresa de telefonia móvel do país, numa estratégia para afetar a infraestrutura sobre a qual se assenta o regime autocrático de Assad.
Turquia, Arábia Saudita e Egito, potências regionais, também vêm pressionando Assad, mas nenhum país propôs uma intervenção militar como a desencadeada pelas forças da Otan contra o líder da Líbia, Muammar Gaddafi.
A Síria diz que 500 soldados e policiais foram mortos no conflito, que atribui a gangues armadas e terroristas.
Países europeus integrantes do Conselho de Segurança (CS) da ONU advertiram a Síria, na quarta-feira, de que pode sofrer sanções mais duras se Assad continuar com os ataques violentos contra os manifestantes. A Rússia pediu que o governo sírio ponha em prática o mais breve possível as reformas prometidas.
Mas Rússia e China, ambas com poder de veto no CS, no qual contam ainda com o apoio do Brasil, Índia e África do Sul, vêm se opondo veementemente à ideia de ampliar as sanções contra a Síria, medida que diplomatas de alguns países ocidentais consideram que seria logicamente o próximo passo.
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